Secretário de Estado do Tesouro afirma que no "médio e longo prazo" terá de ser encontrada sustentabilidade para a empresa.
O secretário de Estado do Tesouro disse hoje que os salários dos trabalhadores do Arsenal do Alfeite estão garantidos até ao final de 2021 mas, no "médio e longo prazo", terá de ser encontrada sustentabilidade para a empresa.
Miguel Cruz foi hoje ouvido na comissão parlamentar da Defesa Nacional, durante cerca de duas horas, sobre a situação financeira dos estaleiros navais do Arsenal do Alfeite, S.A., que há anos enfrenta um problema financeiro estrutural.
Salientando que a situação de tesouraria do Arsenal no ano de 2020 "foi difícil" e no início deste ano também, o governante apontou que "foi encontrada uma solução", num trabalho conjunto entre os ministérios da Defesa e das Finanças, "dentro do exercício orçamental de 2021, para garantir que, até ao final do ano, que é aquilo que se pode garantir dentro do Orçamento de Estado para 2021, estão garantidos os salários".
"E aquilo que temos que trabalhar é para que os salários estejam garantidos no médio e no longo prazo através da sustentabilidade da empresa, e é por aí que temos que caminhar", acrescentou.
Miguel Cruz apontou que "a pandemia de covid-19 veio, em muito, perturbar os contactos internacionais e o desenvolvimento de projetos de natureza conjunta, bem como aumentar a incerteza associada ao planeamento de projetos" num contexto de "redução da procura da capacidade instalada que se vinha verificando há alguns anos".
O responsável sustentou que o Governo "estabilizou a tesouraria a curto prazo" e que tem vindo a criar condições para que o contrato de concessão possa ser "adequadamente valorizado".
Para o secretário de Estado, o contrato de concessão "não estava adequadamente estruturado" para responder aos custos efetivos da manutenção e dos trabalhos de manutenção que a empresa desenvolvia, defendendo ainda que a previsibilidade destes trabalhos tem que ser regularizada, não sendo possível "gerir uma empresa com planeamento a menos de 12 meses".
No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, adiantou, o Governo decidiu apostar no financiamento de "duas variáveis chave e absolutamente essenciais" para o Arsenal: "a formação e capacitação dos recursos humanos, bem como o cruzamento desse esforço com a inovação tecnológica e o aprofundamento da área digital, pois é aí que se concentra a nova capacidade concorrencial internacional da manutenção".
Pelo PSD, partido que requereu a audição, o deputado Carlos Eduardo Reis considerou a exposição do secretário de Estado como "um pouco desfasada da realidade".
O social-democrata ironizou, dizendo que esperava mais da exposição do secretário de Estado "do que essa ilusão de que parece que não existem problemas nenhuns, que está tudo provisionado, que até ao final do ano toda a gente vai receber salário e que estamos a preparar a internacionalização", apelando a um plano concreto para o futuro do Arsenal.
Pelo BE, o deputado João Vasconcelos apontou para a necessidade de investimentos na doca seca e na ponte de cais, preocupação partilhada pelo comunista António Filipe - que considerou este investimento como "absolutamente indispensável" para a rentabilidade dos estaleiros navais - e pelo deputado do CDS-PP Pedro Morais Soares.
Já o deputado socialista Raúl Castro alertou que os estaleiros navais têm tido prejuízos "nos últimos oito anos" e que é precisa uma "visão estratégica que permita ter capacidade financeira para pagar salários" e para "mitigar as despesas de funcionamento".
O secretário de Estado apontou que o Arsenal do Alfeite, empresa detida a 100% pelo Estado, tem um contrato de concessão com o Estado e que "o reequilíbro financeiro deste contrato de concessão é, necessariamente, uma condição prévia para qualquer exercício de natureza estratégica".
"Ninguém disse que o investimento não é necessário, o que estamos a dizer é que estamos a resolver um conjunto de pré-condições para que a sociedade possa ter algum tipo de equilíbrio que lhe permita perspetivar um plano estratégico a médio e longo prazo, incluindo um determinado conjunto de investimentos", argumentou.
Há vários anos que o Arsenal do Alfeite tem passado por dificuldades financeiras graves, que já se traduziram em atrasos de salários e até do subsídio de Natal em 2020 aos mais de 400 trabalhadores que constituem esta empresa, responsável pela reparação e manutenção dos navios da Marinha portuguesa.
A 16 de março, também ouvido no parlamento, o presidente da Arsenal do Alfeite, S.A., José Luís Serra Rodrigues, apontou a atualização dos preços de venda dos serviços da empresa à Marinha e a formação profissional como soluções para os problemas estruturais do estaleiro, apelando ainda à intervenção do Estado.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.