O secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, garante que estão ser apuradas responsabilidades, tanto do ponto de vista criminal, como do contra-ordenacional e civil, sobre a questão dos créditos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos e que eventuais consequências não terão em conta os protagonistas mas sim os factos.
A reação do governante, citado pelo
Expresso, surgiu depois do Bloco de Esquerda defender a
exoneração do governador do Banco de Portugal. A continuidade de Carlos Costa começou a ser debatida depois de a revista
SÁBADO ter divulgado atas que revelam que o governador tinha participado, quando foi administrador da Caixa Geral de Depósitos, em reuniões que aprovaram créditos problemáticos.
"Serão tiradas todas as consequências sem olhar a quem", disse Mourinho Félix, esta segunda-feira.
O governador do Banco de Portugal exerceu funções de administrador do banco estatal entre abril de 2004 e setembro de 2006, tendo sido responsável pelas áreas de marketing e interacional da instituição financeira.
Num comunicado do BdP divulgado esta segunda-feira, Carlos Costa disse que pediu em novembro para não participar em decisões sobre a auditoria à, o que foi aceite na altura. "Em complemento do comunicado publicado em 08 de fevereiro 2019, o Governador esclarece que o pedido de escusa relativamente à participação em deliberações do Banco de Portugal sobre situações abrangidas pela auditoria da EY à CGD foi apresentado na ocasião da primeira deliberação tomada neste âmbito, em 06 de novembro de 2018, e nessa data aceite pelo Conselho de Administração", lê-se na breve nota divulgada pelo banco central.
Há três semanas estalou uma nova polémica em torno da CGD devido à auditoria, encomendada pelo Governo em 2017, que revelou - para o período entre 2000 e 2015 - a concessão de créditos mal fundamentada, atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e aprovação de empréstimos com parecer desfavorável ou condicionado da direção de risco, com prejuízos significativos para o banco público.
A auditoria da EY está agora a ser analisada pelo Banco de Portugal, para avaliar se foram cometidas contraordenações.
Já o Ministério Público está a avaliar se há crimes envolvidos, enquanto a CGD está a analisar os atos de gestão desse período para eventualmente colocar ações de responsabilidade civil sobre ex-gestores.