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"Governo prometeu o que sabia que não podia cumprir", diz Rui Rio sobre professores

Presidente do PSD coloca-se ao lado dos professores nas exigências ao Executivo.

04 de outubro de 2018 às 21:38

O presidente do PSD, Rui Rio, acusou o Governo de António Costa de "prometer o que não pode cumprir" e deu razão aos professores nas exigências feitas. O Executivo aprovou, esta quinta-feira, um decreto-lei que define que os professores vão recuperar dois anos, nove meses e 18 dias do tempo de serviço efectuado, no último dia de uma semana de greves dos docentes contra esta medida, que exigem a recuperação de nove anos, quatro meses e dois dias de serviço.

"Quem tem razão são os professores e por uma razão muito simples. Os professores exigem a reposição dos valores a esta solução de Governo que deu expectativas que fosse contado todo o tempo", disse o líder social-democrata durante uma entrevista na RTP3, esta quinta-feira. "Eu, tal como o CDS, não dei esse tipo de expectativas. Se algum dia prometer alguma coisa, tenho que ter a certeza que é exequível. Eu não prometo o que não é exequível, que é o que acontece muitas vezes com este Governo", acrescentou, ainda, para atirar: "O Executivo prometeu o que, à partida, sabia que não podia cumprir".

Rio falou ainda da possibilidade do Governo aumentar os salários mais baixos da Função Pública, considerando que, apesar de ser uma medida justa, não aborda o problema do emprego do Estado da melhor maneira. "Dar a quem tem menos é o que faz mais sentido. Mas deve olhar-se para as carreiras e acertar-se os leques salariais. Na Função Publica, têm que estar quadros de valor", defendeu Rio, relembrando que a progressão de carreira e salarial no Estado é mais difícil do que nos privados.

Durante a entrevista, Rio voltou a afirmar sentir que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, não tem condições para permanecer à frente da pasta, no seguimento dos últimos factos conhecidos sobre a investigação ao aparecimento das armas de Tancos.

De acordo com fontes do processo, citadas pelo semanário Expresso na sua edição online, o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, major Vasco Brazão, garantiu no tribunal ter entregue pessoalmente no final do ano um memorando com a explicação de toda a operação ao chefe de gabinete de Azeredo Lopes. O Expresso acrescenta que o chefe de gabinete contactou telefonicamente o ministro, à frente dos dois militares da PJM, para o informar da situação. Em declarações aos jornalistas em Bruxelas, Azeredo Lopes negou tudo.

"Quem sabe se o ministro deve continuar ou não é, naturalmente, o primeiro-ministro. Mas se fosse eu o chefe de Governo, numas condições destas e segundo o que foi noticiado, eu acho que [Azeredo Lopes] não tinha condições" para continuar no cargo, reforçou o líder social-democrata, destacando a gravidade do que se considera estar a passar: "O que foi noticiado é que o ministro foi avisado em Dezembro [do conluio para a entrega das armas] e encobriu durante nove meses essa acção. Por outro lado, é sinal que não contou ao primeiro-ministro. Se isto for redondamente mentira, o ministro não tem essa responsabilidade. O ministro saberá o que está a dizer e a fazer."

Rio assumiu, também, que lhe "custa a acreditar que o CEME não tenha conhecimento de nada". "Imaginemos agora que foi o chefe de gabinete que ocultou ao ministro da Defesa. Também deixa Azeredo em má posição, pois o chefe de gabinete é de sua escolha pessoal", acrescentou.

Rio considera que o PSD não demorou tempo a reagir às novidades do caso de Tancos, apesar do CDS ter apresentado um pedido de comissão parlamentar de inquérito para investigar o desaparecimento e aparecimento do armamento. "Não sou o estilo de líder que à mínima coisa lança foguetes e pede demissões. Tenho um estilo mais estruturado. Temos que fazer as coisas com a devida ponderação e eu reajo consoante o que agora se soube", atirou, sublinhando não estar a mandar nenhuma indirecta aos centristas.

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