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Política
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Ministra da Coesão Territorial confirma que Bruxelas aprovou a criação de duas novas NUT II em Portugal

NUT da Península de Setúbal e a do Oeste e Vale do Tejo aguardam publicação no jornal oficial da União Europeia.
Lusa 25 de Janeiro de 2023 às 14:23
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão 
Territorial, ouvida ontem no Parlamento no âmbito da discussão do OE para 2022
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão 
Territorial, ouvida ontem no Parlamento no âmbito da discussão do OE para 2022 FOTO: JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, confirmou esta quarta-feira que as propostas de criação de duas novas NUTS II estão aprovadas por Bruxelas e aguardam publicação no jornal oficial da União Europeia.

"Confirmo que estão [a da Península de Setúbal e a do Oeste e Vale do Tejo] para publicação no Jornal Oficial das Comunidades e, portanto, estão aprovadas", afirmou Ana Abrunhosa à agência Lusa, no final da assinatura de acordos de transferência de gestão de imóveis do Estado para as autarquias locais no âmbito da descentralização de competências.

A cerimónia decorreu no âmbito do programa "Governo Mais Próximo", que se realiza entre quarta e quinta-feira no distrito de Castelo Branco, com mais de 40 iniciativas onde estarão presentes membros do executivo.

Em dezembro de 2021, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o Governo ia apresentar a Bruxelas a proposta de criação de duas novas Nomenclaturas de Unidade Territorial para fins Estatísticos (NUTS, na sigla em inglês) II, a da Península de Setúbal e a do Oeste e Vale do Tejo, aproveitando o calendário, até 01 de fevereiro de 2022, para alterar unidades estatísticas no Eurostat.

"O Governo entende que deve ser apresentada a proposta de criação de duas novas NUTS II, a Península de Setúbal e o Oeste e Vale do Tejo", porque "cumprem os critérios demográficos que permitem autonomizá-las", disse, durante um congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

O parlamento aprovou em 22 de dezembro, em votação final global, um diploma do Governo para, entre outras alterações, a criação das comunidades intermunicipais (CIM) da Grande Lisboa e da Península de Setúbal, compostas, respetivamente, pelos concelhos a norte e a sul do Tejo da atual Área Metropolitana de Lisboa (AML), sem colocar em causa a manutenção da AML.

A nova lei foi aprovada com os votos a favor de PS, PCP, BE e Livre e com as abstenções de PSD, Chega, Iniciativa Liberal e PAN, assim como dos deputados socialistas Pedro do Carmo, Norberto Patinho e Capoulas Santos.

A alteração ao modelo de organização administrativa do território ao nível das entidades intermunicipais inseriu-se no processo de revisão das NUTS, para permitir às regiões abrangidas maior acesso a fundos comunitários.

Isto traduziu-se na criação de uma NUTS II e de uma sub-região NUTS III na Península de Setúbal, que deixa assim de estar inserida na AML no âmbito do acesso a fundos comunitários, bem como na constituição das CIM do Oeste, Lezíria do Tejo e Médio Tejo (integradas na região de Lisboa e Vale do Tejo) como uma NUTS II.

As três CIM da Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Oeste dependem da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo em termos de ordenamento do território, mas integram as CCDR Centro (OesteCIM e CIMT) e Alentejo (CIMLT) para os fundos comunitários.

Esta quarta-feira, a ministra da Coesão Territorial salientou que, "na mudança, a Sertã e Vila de Rei passarão para a Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa".

"Portanto, diria que é consolidar um território aqui da Beira Baixa mais próximo com a figura do distrito. É algo que vejo como muito positivo", referiu.

Ana Abrunhosa realçou, contudo, que estes dois municípios, que integravam a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, "por lei vão manter os contratos com o Médio Tejo".

"A Sertã decidiu, no Portugal 2030, passar já para a Beira Baixa e Vila de Rei comunicou-nos que gostaria de se manter no Médio Tejo e, portanto, adotaremos os instrumentos legais que permitam estas situações", sustentou.

Quanto à Península de Setúbal, a ministra explicou que passará já a ser uma CIM.

"O que é que isto significa? Significa que o INE [Instituto Nacional de Estatística] começa já a produzir informação estatística que será importante para quando se planearem os fundos para o quadro comunitário pós-2030, sem classificarem as regiões, e sem estatística não seria possível saber se a Península de Setúbal no pós-2030 será região de convergência ou desenvolvida", acrescentou.

Ainda segundo a ministra, até agora, os indicadores mostram "que a probabilidade é de ser região de convergência e, por isso, se se confirmar, ela não só é uma CIM [NUTS III] como será também NUTS II e poderá ter um programa regional autónomo".

Ana Abrunhosa acrescentou que, como a Área Metropolitana de Lisboa se mantém, por lei "passará a ter duas NUTS III [CIM da Grande Lisboa e CIM da Península de Setúbal] e poderá ter dois programas regionais".

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