"Desde aqui deixo um desafio muito concreto e muito claro ao primeiro-ministro: pois que fale aos milhares de pessoas que saíram [à rua] pelo direito à habitação com o mínimo dos mínimos, que é dizer o que acontecerá às rendas em 2024. Tranquilize já as pessoas que não sabem o que vai acontecer", desafiou Mariana Mortágua.
Em conferência de imprensa, no final de uma reunião da Mesa Nacional do BE -- órgão máximo entre convenções -- Mariana Mortágua afirmou que a crise na habitação foi o tema central da discussão deste órgão e começou por saudar as manifestações pela habitação que ocorreram em vários pontos do país no sábado.
A líder bloquista adiantou que o BE "vai levar ao parlamento propostas muito concretas" sobre o tema e apelou a todos os partidos para que "se posicionem e respondam aos milhares de pessoas que estiveram na rua pelo direito à habitação".
"Achamos que é esse o dever de quem faz política e o dever do Governo. Apesar de ser esse o dever do Governo, do primeiro-ministro só ouvimos silêncio, um silêncio ensurdecedor sobre a habitação e sobre a dificuldade de quem vive com a corda na garganta", criticou.
Salientando que "há milhares de pessoas que não sabem o que vai acontecer no próximo ano às suas rendas", Mortágua realçou que "o Governo sabe que o aumento será de 7%" caso não seja fixado pelo executivo um limite para a atualização das rendas em 2024 e "sabe disto há mais de um mês".
"Soube-o no momento em que o BE o soube e apresentou uma proposta para parar esse aumento em 2024 e, apesar de saber isto, não disse nada. O Governo está a gerir o tempo, está a gerir politicamente uma agenda, está a brincar com milhares de pessoas que estão aflitas com a corda ao pescoço e que não sabem se podem continuar a pagar a sua habitação, e é incapaz de dizer o que vai acontecer às rendas em 2024", criticou.
Mariana Mortágua foi ainda questionada sobre a promulgação pelo Presidente da República do pacote "Mais Habitação" -- após um primeiro veto do chefe de Estado - e o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter afirmado que "prefere qualquer coisa, mesmo que curto, a nada".
"As pessoas que ontem [no sábado] saíram à rua não precisam de alguma coisa curta, precisam de medidas que resolvam as suas vidas. Se os preços da habitação não baixarem, Portugal continuará a criar emigrantes todos os dias", alertou.