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Governo diz que tentou "por todas as vias" que não houvesse "pré-condições"

Pedro Nuno Santos lamentou ainda o sucedido, mas vincou: "Todos temos o direito de exigir que se respeite [o processo negocial]".

20 de agosto de 2019 às 22:22

O ministro das Infraestruturas garantiu esta terça-feira que o Governo tudo fez para que patrões e sindicatos não fossem para a mesa de negociações com "pré-condições", mas a estrutura que representa os motoristas não aceitou esta condição.

"Tentámos por todas as vias fazer com que as partes deixassem cair as pré-condições. Uma das partes não quis, mas, obviamente, uma mediação tem como objetivo chegar a resultados, eles não podem ser impostos antes de a mediação se iniciar", afirmou Pedro Nuno Santos aos jornalistas, no Ministério das Infraestruturas e da Habitação, em Lisboa.

O governante notou que o executivo está, desde abril, a "trabalhar na conciliação" deste conflito entre privados e a tentar que o mesmo se resolvesse pela via do diálogo, acrescentando que todos os portugueses ficaram "com esperança" de que a desconvocação da greve dos motoristas fosse "o início do fim" deste processo.

No entanto, "infelizmente uma das partes [quis] definir os resultados ainda antes da mediação se iniciar e não é assim que se faz um processo de mediação", referiu.

Pedro Nuno Santos lamentou ainda o sucedido, mas vincou: "Todos temos o direito de exigir que se respeite [o processo negocial]".

"Quero lembrar que a Fectrans [Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações] fez um acordo com a Antram [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] e que um dos sindicatos que estava em greve [SIMM Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias] aderiu a um processo negocial. Não estamos a falar de nada que seja impossível", sublinhou.

O titular da pasta das Infraestruturas disse esperar que uma nova greve não venha a acontecer, sobretudo tendo em conta todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao longo dos últimos meses.

"O Governo continuará disponível para fazer o que está a fazer desde abril. Sabemos o impacto que este tipo de conflitos está a ter na vida de todos nós. Não tomamos o lado de nenhuma das partes neste conflito", assegurou Pedro Nuno Santos.

O porta-voz da Antram, André Matias de Almeida, já tinha afirmado que o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) recusou o processo de mediação, apesar de a associação patronal estar disponível para debater "quase tudo".

"Hoje deixámos aqui um documento de manhã onde abríamos quase tudo à mediação. Fomos chamados [esta noite] ao Ministério das Infraestruturas para sermos informados de que o sindicato não aceita a mediação e quer impor aumentos salariais e o pagamento de horas suplementares, e isso não é um processo de mediação", disse o porta-voz da Antram aos jornalistas.

Por sua vez, o advogado do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, referiu à saída da reunião com o Governo que a Antram "não quis evitar uma possível greve por 50 euros".

"A Antram não quis evitar estas novas formas de luta ou uma possível greve por 50 euros", afirmou o representante do SNMMP.

Pedro Pardal Henriques defendeu que o sindicato quis assegurar que um possível processo de mediação não começaria sem "dois pedidos essenciais", que fossem valorizados os trabalhadores e que recebessem pelo trabalho que fazem.

O Governo aprovou na segunda-feira, em reunião eletrónica do Conselho de Ministros, o fim da crise energética declarada há 10 dias devido à greve de motoristas de pesados, a partir das 23:59 desse dia.

No domingo, o SNMMP decidiu, em plenário, desconvocar a greve, que se iniciou no dia 12.

A paralisação foi inicialmente convocada pelo SNMMP e pelo SIMM, mas este último desconvocou o protesto na quinta-feira à noite, após um encontro com a Antram sob mediação do Governo.

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