O novo texto que vai enquadrar legalmente a eutanásia, sujeito a votação esta sexta-feira, no Parlamento, prevê que esta prática só poderá ocorrer nos casos de incapacidade física do doente para administrar os fármacos necessários. Esta mudança não é consensual e está a gerar desconforto dentro do grupo parlamentar do PS, apesar de ser um dos subscritores do diploma.
"Muitos de nós não se sentem absolutamente confortáveis com esta solução, preferiam a que tínhamos no diploma original, mas também percebemos que para termos uma lei que chegue às pessoas e lhes acuda temos que olhar para o conjunto do acórdão" do Tribunal Constitucional, que chumbou o diploma duas vezes, explicou Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar socialista.
Esta é a quarta vez em que o tema vai ser reapreciado, na sequência de duas inconstitucionalidades detetadas pelo TC e de um veto político do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na prática, o plenário votará esta sexta-feira um diploma conjunto do PS, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda e PAN, que regula as condições em que a morte medicamente assistida não é punível e expurga as dúvidas levantadas pelo TC e Marcelo.
Além da mudança referida, o novo texto altera o conceito ‘sofrimento de grande intensidade’, agora definido como "sofrimento decorrente de doença grave e incurável ou de lesão definitiva de gravidade extrema, com grande intensidade, persistente, continuado ou permanente e considerado intolerável pela própria pessoa".
SAIBA MAISHaverá Liberdade de votoOs deputados do grupo parlamentar do PSD vão ter liberdade de voto no diploma sobre a eutanásia, disse ontem Joaquim Miranda Sarmento, líder da bancada social-democrata, que lamentou o pouco tempo para análise do novo texto.
Conforto para promulgarA deputada socialista Isabel Moreira afirmou, citada pela Lusa, que estão criadas as "condições de conforto" para uma promulgação por parte do Presidente da República do novo diploma sobre a morte medicamente assistida.