No documento, com apenas 15 páginas e que antecipa a Moção de Estratégia Global que vai levar ao congresso caso seja eleito, Paulo Portas apresenta três grandes objectivos: melhorar a oposição ao Governo, dar liderança e rumo ao espaço político que não se revê na governação do PS e estabilidade e tolerância ao CDS.
Com a consciência de que o CDS, se continuar como está, “corre o risco de ter em 2009 um votação residual”, a prioridade de Portas para 2007 é fazer crescer o CDS “sem colocar fasquias nesse espírito de conquista”. O ex-ministro do Governo de coligação PSD/CDS-PP afasta para já cenários de alianças políticas, marcando a diferença do actual líder, José Ribeiro e Castro, que não fechou a porta à hipótese de uma coligação com o PSD. “O objectivo do CDS é crescer, não é fazer alianças em quaisquer circunstâncias. O CDS é diferente do PS, é autónomo em relação ao PSD e é independente da evolução interna do PSD”, explica.
Além de apresentar uma listagem de prioridades (ver caixa), Portas defende uma atitude política nova, da qual destacamos: preparar, até 2009, uma equipa de Governo “visível e funcional” e um projecto de linhas gerais de Orçamento alternativo para 2009.
As orientações de Portas têm como conceito central a oposição a Sócrates, à sua “teimosia”, “obsessão” e “arrogância”, explorando as inseguranças que os portugueses sentem nas áreas da saúde, emprego e juventude. Pelo que escreveu no documento, percebe-se que Portas vai fazer uma campanha para as directas completamente virada para fora. Isto é, evitando às polémicas internas do partido.
AS PRIORIDADES DE PORTAS
- Qualificar os debates com o primeiro-ministro. “É a oposição que fiscaliza o Governo, não é o primeiro-ministro que avalia a oposição.”
- Criticar consistentemente os sectores mais vulneráveis do Governo. “Dado que se acumulam ministérios politicamente inexistentes e ministros obviamente pouco competentes.”
- Avaliar sistematizada e regularmente as reformas prometidas “e só parcialmente concretizadas”.
- Denunciar “os crescentes sinais de arrogância e acumulação de poderes especiais na esfera do primeiro-ministro”.
- Fiscalizar efectivamente o Governo, “que dá sinais preocupantes de teimosia e obsessão nos grandes e investimentos públicos [...]”.
- Clarificar as diferenças programáticas. “Entre um PS que pretende se afirmar no centro esquerda e um CDS que quer crescer no centro direita.”
Ver comentários