Descarrilamento do elevador da Glória ocorreu no dia 03 setembro e provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
O PS na Câmara de Lisboa pediu esta quarta-feiro a demissão do vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), como assunção da responsabilidade política quanto à tragédia do elevador da Glória, considerando insuficiente a renúncia da administração da Carris.
"Há, objetivamente, uma responsabilidade política que tem de ser assumida", afirmou à agência Lusa o vereador do PS Pedro Anastácio, defendendo a demissão de Filipe Anacoreta Correia, que tutela a Carris, e lembrando que o autarca do CDS-PP disse, dias após o acidente com o elevador da Glória, que se existisse alguém a assumir a responsabilidade política seria ele e não o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD).
O descarrilamento do elevador da Glória, sob gestão da empresa municipal Carris, ocorreu no dia 03 setembro e provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
Independentemente do pedido de demissão por parte do PS, Filipe Anacoreta Correia sairá do executivo municipal no final do atual mandato, uma vez que não integrou as listas candidatas às eleições autárquicas de 12 de outubro, que culminaram com a reeleição de Carlos Moedas.
Em reunião extraordinária do executivo municipal, realizada esta quarta-feira, o socialista Pedro Anastácio formalizou um pedido excecional para que o acidente com o elevador da Glória fosse abordado, na sequência do relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), divulgado na segunda-feira.
Nesse âmbito, o vereador do PS reforçou que o atual conselho da administração da empresa municipal Carris "não pode manter-se nem mais um dia, porque além das falhas que se conhecem esta quarta-feira e que têm de ser assumidas integralmente, trabalham diariamente para preparar a sua defesa em processos judiciais que antecipam, em vez da prossecução do interesse político".
Momentos depois, a Câmara de Lisboa revelou, em comunicado, que o presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas, apresentou a renúncia ao cargo, resignação que é extensível a todos os restantes elementos do conselho de administração, e que foi aceite pelo presidente da autarquia.
A renúncia não tem efeitos imediatos, o que para o vereador do PS Pedro Anastácio é motivo de preocupação, porque tal poderá fazer com que o conselho de administração se mantenha no cargo "por um largo período".
Interrogando quando é que a administração da Carris sairá de funções, Pedro Anastácio criticou ainda a "cultura de irresponsabilidade" por parte da liderança PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa.
Referindo-se à informação avançada na terça-feira pela SIC, citando fonte próxima de Carlos Moedas, de que o presidente da Câmara de Lisboa não iria reconduzir a atual administração da Carris, o socialista salientou que "nunca seria reconduzida", porque a oposição votaria contra.
Atualmente, a administração da Carris é presidida por Pedro de Brito Bogas, após nomeação aprovada pela Câmara de Lisboa em maio de 2022, para substituir Tiago Farias, que ocupava o cargo desde 2016.
Na reunião de câmara extraordinária desta quarta-feira, os vereadores do PCP solicitaram mais esclarecimentos sobre a tragédia do elevador da Glória, na sequência o relatório preliminar, com questões formalizadas num requerimento dirigido a Carlos Moedas, que esteve ausente da sessão.
As questões do PCP são sobre as orientações e respetivo calendário para que a Carris cumpra as recomendações do relatório preliminar do GPIAAF e o que se prevê quanto à revisão da relação contratual com a empresa prestadora de serviços de manutenção, assim como qual o ponto de situação da auditoria interna e externa desencadeada pela Carris na sequência do acidente do elevador da Glória.
A este propósito, os vereadores dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) criticaram "o passa culpas constante para esconder responsabilidades" e afirmaram que, com base no relatório preliminar do GPIAAF, "afinal o que era repetido à exaustão -- de que tudo tinha sido feito segundo as normas e tudo escrupulosamente cumprido -- não é verdade".
"É preciso, e com urgência, recuperar a confiança na Carris, no transporte público. A população que usa os transportes e estruturas de mobilidade precisa de saber que está em segurança num veículo, chegar a casa a salvo de falhas de manutenção", defenderam os Cidadãos Por Lisboa.
Para a vereação do Livre, a renúncia da administração da Carris era "expectável", em resultado do relatório do GPIAAF, por "razões de natureza técnica e decorrente de decisões de gestão da empresa", mas "continuam por assumir as responsabilidades políticas".
"Portugal tem de decidir se é um país onde se apuram apenas as responsabilidades técnicas e em que qualquer autarca ou decisor político irá terceirizar serviços ou decisões para se proteger de responsabilidades políticas. [...] As responsabilidades políticas devem, acima de tudo, ser assumidas por quem as tem, não sendo necessário alguém as cobrar. Nesse sentido, alguém deve refletir sobre se politicamente exerceu com zelo as suas funções", defendeu o Livre.
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