A edição de hoje
A moção apresentada ao Congresso do CDS-PP pelo eurodeputado José Ribeiro e Castro foi a mais votada pelos delegados reunidos em Lisboa. Num cenário que começou a ‘desenhar-se’ ainda ontem, com alguns dos ‘barões’ a escolherem o seu campo, a moção “2009” recolheu mais 105 votos que a moção “Portugal, Já!”, que apoiava a Telmo Correio à liderança do partido. O ex-ministro do Turismo está fora da ‘corrida’ desde as seis da manhã este domingo.
Noite comprida no Congresso do CDS-PP. Eram seis da manhã quando os resultados das votações das moções foram conhecidos. A de José Ribeiro e Castro foi a mais votada (492) votos, deixando a moção subscrita pelo ex-ministro do Turismo num distante segundo lugar e ditando desde logo o afastamento de Telmo Correia a corrida à liderança do CDS-PP, uma candidatura que surgiu na véspera o Congresso e que se ‘esfumou’ após o primeiro dia do conclave.
“Os congressos são mesmo assim”, comentou Telmo Correia, declarando que havia embarcado na candidatura tendo a perfeita consciência de que – citamos – “Havia um trabalho de campo de Ribeiro e Castro e que o partido estava desunido". Com a derrota de Telmo Correia saem também politicamente derrotados António Pires de Lima, vice-presidente na direcção de Paulo Portas; Nuno Melo, líder parlamentar; Álvaro Castello-Branco, coordenador autárquico; e o líder da Juventude Popular, João Almeida.
A vitória da moção de Ribeiro e Castro traduz uma vitória política de figuras como Luís Nobre Guedes, Maria José Nogueira Pinto e António Lobo Xavier, que deverão integrar a nova direcção do partido.
Precisamente porque o debate foi aceso e perdeu em moção o candidato mais falado no início e que acabou por entrar na corrida tardiamente, o ‘discurso e vitória’ de Ribeiro Castro constitui um forte apelo à união. O eurodeputado declarou que conta com todos os militantes e referiu-se directamente a Telmo Correia como “parceiro e colega”. O sentido político do Congresso do CDS-PP está definido com a votação nas moções, mas a eleição do líder só vai decorrer a partir das 13h30, tendo as listas para os órgãos nacionais sido entregues esta manha, pela 09h30.
Ribeiro e Castro é o novo líder do CDS-PP, sucedendo a Paulo Portas, que encerrou um ciclo de sete anos na liderança do partido após a forte derrota eleitoral sofrida pelos partidos da coligação governamental (CDS-PP e PSD) nas legislativas de Fevereiro.
LISTA DE TELMO CORREIA PARA O CONSELHO NACIONAL
Nas eleições para o orgão máximo do CDS-PP, a lista apresentada por Telmo Correia foi a mais votada. Depois de no sábado ter visto a sua moção ser preterida em detrimento da moção de Ribeiro e Castro, Telmo Correia desistiu de se candidatar à presidência do partido mas insistiu em apresentar uma lista para o Conselho Nacional.
A lista de Telmo Correia venceu com uma vantagem de aproximadamente 20 votos da lista de Ribeiro e Castro. Este facto implica que Ribeiro e Castro é o novo líder do CDS-PP, embora Telmo Correia conte com mais apoiantes no orgão máximo do partido.
Dizia-se de Paulo Portas que o partido era ele. O congresso do CDS acabou por provar que não era exactamente assim. A ‘teoria do eucalipto” que seca tudo à volta não vingou, nem o aparelho conseguiu demover barões e bases do CDS. Valeram os erros de Telmo Correia, que só o tempo ajudará a digerir. Aparentemente, o ciclo portista chegou ao fim. Portas estava orgulhoso e até ficou com uma lágrima no canto do olho.
MONTEIRISTAS
Manuel Monteiro já nem está no partido, mas as listas do CDS têm vários nomes da sua liderança: Girão Pereira, Celeste Capelo e Martim Borges, entre outros.
TELMO NÃO É CANDIDATO
Não, obrigado. Telmo Correia esclareceu ontem ao fim da manhã que não tenciona ser candidado à Câmara de Lisboa. O candidato derrotado tinha manifestado a sua disponibilidade para ser candidato à autarquia se fosse eleito presidente do CDS.
EIXOS
O recomeço do CDS faz-se à volta de três eixos: os fundamentos do partido, definidos em 1974; o espírito de reunião com que se partiu do congresso de Braga em 1998; e a credibilidade consolidada no fim do ciclo liderado por Paulo Portas.
NOVA COMISSÃO EXECUTIVA
JOSÉ RIBEIRO E CASTRO - PRESIDENTE
O novo líder do CDS-PP nasceu em Lisboa há 51 anos. É licenciado em Direito, um perfeccionista de primeira linha e um amante da gastronomia. É deputado ao Parlamento Europeu, cargo que acumulará com a presidência do partido. Passou pelo Governo como secretário de Estado de Freitas do Amaral, já foi vice-presidente do Benfica e director de informação da TVI.
ANACORETA CORREIA - VICE-PRESIDENTE
Miguel Anacoreta Correia é um dos históricos do partido e antigo apoiante de Manuel Monteiro.
PAULO CASTRO COELHO - VICE-PRESIDENTE
Era um dos ministeriáveis de Paulo Portas nas últimas legislativas, que o apontava para a Agricultura.
MARTIM BORGES FREITAS - SECRETÁRIO-GERAL
Ex-líder da Juventude Centrista. É um dos monteiristas desta nova liderança.
ANTÓNIO LOBO XAVIER - VOGAL
Ex-deputado e ex-membro do conselho nacional, é um reputado jurista e comentador político.
SÍLVIO CERVAN - VOGAL
Foi deputado. É presidente da Assembleia Municipal de Gaia. Integra o grupo dos notáveis do Norte.
JOSÉ PAULO CARVALHO - VOGAL
É deputado pelo círculo do Porto e presidente da Associação Vida Norte.
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