Computadores portáteis e telemóveis de alguns quadros dos departamentos operacionais do SIS e do SIED foram apreendidos na passada quarta-feira de manhã, numa acção coordenada pela direcção do SIED, tal como noticiou o jornal ‘Público’.
Esta rusga, ordenada pelo secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), foi realizada no âmbito do inquérito interno que decorre, a pedido do primeiro--ministro Pedro Passos Coelho, às fugas de informação daqueles serviços, nomeadamente o acesso ilegal do SIED ao registo telefónico do ex-jornalista do ‘Público’ Nuno Simas.
A operação apanhou os serviços de surpresa, e está a gerar o pânico entre os funcionários das secretas, que receiam que a salvaguarda das suas fontes e informadores esteja posta em causa. O sentimento de desconfiança ficou assim agravado nos serviços, onde o mal-estar está instalado desde que veio a público que o ex-director do SIED Jorge Silva Carvalho terá alegadamente passado informações para a Ongoing, empresa onde hoje trabalha.
Entretanto, Jorge Silva Carvalho é ouvido amanhã na Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República. Ainda não se sabe se a audição é à porta fechada.
O responsável da Optimus, que alegadamente forneceu ao SIED a lista dos registos telefónicos de Nuno Simas, será também ouvido em breve no Parlamento.
PSD e CDS chumbaram a ida de Júlio Pereira e de Casimiro Morgado, actual chefe do SIED, ao Parlamento.
BLOCO QUER CRIAR IMPEDIMENTO DURANTE TRÊS ANOS
O BE apresentou ontem um projecto para evitar que dirigentes, agentes e funcionários dos serviços secretos fiquem impedidos de exercer actividade profissional em empresas onde possam utilizar "conhecimento de matérias classificadas". Na prática, cria-se um período de nojo de três anos para que ex-operacionais não possam exercer profissões no sector privado "onde possam utilizar o conhecimento de matérias classificadas na disponibilidade dos serviços de informações".