VOO PARA A MORTE
“Quando o padeiro me começou a explicar o acidente, o meu coração deu um baque. Algo me dizia que os meus filhos faziam parte daquela tragédia”. Os piores receios de Maria da Conceição Gonçalves confirmaram-se: duas das cinco vítimas mortais do terrível acidente que ocorreu ontem de manhã na auto-estrada 4, eram seus filhos.
Tudo aconteceu em cima do tabuleiro da ponte que liga as margens do Tâmega, perto de Amarante. Os filhos de Maria da Conceição, José e Hilário Araújo, de 25 e 28 anos, respectivamente, viajavam com mais quatro trabalhadores da construção civil numa carrinha de caixa-aberta, que foi abalroada por um veículo ligeiro, em cima do tabuleiro da ponte que liga as margens do Tâmega, em Amarante.
O embate foi violento. A carrinha galgou os ‘rails’ de protecção e caiu de uma altura de 40 metros, incendiando-se de seguida. Além dos irmãos Araújo, faleceram mais dois ocupantes, também irmãos: José e Joaquim Ribeiro, o primeiro de 28 anos, o segundo de 18. O condutor da viatura ligeira, Fernando Tavares, de 44 anos, também faleceu.
O condutor da carrinha, que foi cuspido na altura do embate, ficou em cima da ponte, com ferimentos ligeiros. Já o outro ocupante, também cuspido, caiu em cima de um pinheiro, encontrando-se gravemente ferido.
Em estado grave está, também, o passageiro do veículo ligeiro, a professora Maria Bárbara, de 43 anos, natural de Amarante.
“A partir de hoje, deixa de haver alegria em minha casa”, disse Maria da Conceição Gonçalves, ainda não refeita do choque de ter perdido dois filhos.
Estiveram no local 20 bombeiros de Amarante, com o apoio de ambulâncias, viaturas de combate a incêndio e de desencarceramento.
QUATRO CASOS SEMELHANTES
No ano passado, quatro acidentes semelhantes ao que ontem ocorreu perto de Amarante provocaram seis mortos.
O primeiro ocorreu a 17 de Outubro, no Viaduto Duarte Pacheco, Lisboa, na direcção de Cascais. O condutor morreu, numa queda de 15 metros e com o carro em chamas.
A 26 do mesmo mês, um Renault 11 despistou-se na Segunda Circular, em Lisboa e caiu de um viaduto a sete metros de altura, morrendo quatro dos ocupantes e ficando um quinto gravemente ferido.
A 17 de Novembro, ocorreu um despiste com queda de 70 metros na Ponte do Cabril, sobre o rio Zêzere, Sertã. O condutor sobreviveu, embora com ferimentos graves.
A 2 de Dezembro, um pesado despenhou-se no IP1, junto aos Carvalhos, Porto. Morreu o condutor.
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