Arguido viu o "corpo desmembrado” de João Paulo Fernandes
Defesa de bruxo da Areosa tenta anular escutas telefónicas que indiciam uma relação amorosa.
O inspetor-chefe da Polícia Judiciária do Porto que chefiou a investigação da Máfia de Braga revelou que Hélder Moreira, dono dos armazéns onde os crimes ocorreram, lhes contou, em depoimento, que viu o cadáver do empresário João Paulo Fernandes. "No interrogatório o Hélder disse ‘Fui ao armazém e vi o corpo desmembrado, mas saí’", disse o inspetor-chefe.
A testemunha fez esta revelação depois de ser questionada pelo advogado do arguido. Pedro Miguel Branco queria saber como é que o inspetor-chefe sabia que o seu cliente tinha assistido ao momento em que o gang dissolveu o cadáver em ácido sulfúrico. O inspetor reproduziu parte do interrogatório do arguido para responder à questão, mas foi advertido pelos juízes, pois os investigadores não podem revelar em tribunal o que disseram no inquérito os arguidos.
A sessão de ontem no Tribunal de São João Novo, no Porto, ficou ainda marcada pelo facto da defesa do bruxo da Areosa ter colocado em causa a validade das escutas telefónicas entre as quais estão conversas que indiciam uma alegada relação amorosa entre Emanuel Paulino e Pedro Bourbon.
"És tu que eu amo, que eu mais quero, é a ti que desejo tudo de bom na vida. És tu, só tu. Nunca te vou deixar", dizia ao telefone o bruxo ao outro arguido.
Para tentar perceber se as escutas podem ser anuladas, o advogado Rui da Silva Leal perguntou ao inspetor como é que a PJ obteve o número de identificação (IMEI) do telemóvel descartável do bruxo, levando a que fosse possível colocar os arguidos sob escuta. A testemunha disse que foi através de uma pessoa próxima do bruxo. Para a defesa deste arguido, tal é ilegal. Consideram que o IMEI só pode ser cedido pelos detentores do telemóvel ou então pedidos por um juiz às operadoras. Desta última forma nunca poderia ser obtido, pois o telemóvel não estava registado.
ADN destruído de imediato
O inspetor-chefe revelou ainda, ontem, no tribunal, que quando um corpo é colocado em ácido sulfúrico o seu ADN é destruído de imediato.
Comprar champanhe
Minutos antes de raptarem o empresário, a 11 de março de 2016, em Braga, os irmãos Adolfo e Manuel Bourbon falavam em ir comprar champanhe.
Sete arguidos presos
O processo da Máfia de Braga conta com um total de nove arguidos, sendo que sete deles estão em prisão preventiva desde maio de 2016.
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