Casal detido por manter homem escravo durante 10 anos
Vítima com atraso cognitivo, dormia num anexo sem condições, trabalhava horas a fio sem remuneração, era privado de liberdade e comia restos.
Trabalhava numa exploração agropecuária desde os 16 anos e, quando o dono da propriedade morreu, o homem, com atraso cognitivo e hoje já com 54 anos, passou a trabalhar com o filho do empresário, em Fajões, Oliveira de Azeméis. Durante cerca de 10 anos, foi escravizado. Vivia num anexo sem condições de higiene, não recebia salário, foi agredido diversas vezes e comia restos. O patrão e a mulher, de 69 e 67 anos, foram detidos pela PJ do Porto por tráfico de pessoas.
A vítima, privada de toda a liberdade física de movimentos, de decisão e de ação, foi entretanto institucionalizada. Nessa altura, revelou com detalhe como vivia de forma degradante e o caso, que chegou ao Ministério Público, passou para a Judiciária.
Os patrões aproveitavam-se da vulnerabilidade do homem e obrigavam-no a fazer todo o tipo de trabalho, desde lavoura ao tratamento de animais e lavagem de garrafões numa empresa de vinhos que os suspeitos detinham. Tudo isto durante horas a fio, incluindo fins de semana e feriados, e sem receber remuneração.
Os patrões, sem antecedentes criminais, foram detidos na quarta-feira. Presentes ao juiz, no Tribunal de Santa Maria da Feira, saíram em liberdade com uma caução de cinco mil euros cada. Estão proibidos de contactar com a vítima e obrigados a apresentações semanais.
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