A rasgar até ao fim

As tradições ainda são o que eram. Na Universidade de Coimbra, os ‘rasganços’ continuam a fazer-se. Umas vezes em grupo, outras individualmente, a verdade é que os estudantes que vivem as tradições académicas não se esquecem de rasgar um traje que os acompanhou ao longo dos anos do curso.

01 de outubro de 2006 às 00:00
A rasgar até ao fim Foto: Nuno Ferreira
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O ‘rasganço’ de toda a indumentária académica – com excepção para a capa e a pasta académica, que acompanham o resto da vida do antigo estudante – está associado ao final dos estudos. Apesar de serem menos os estudantes que fazem o ‘rasganço’, devido ao peso sentimental atribuído ao traje, a tradição coimbrã permanece viva.

TEMPO PARA TUDO

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Natural de Coimbra, Ana Janine, de 23 anos, sempre conviveu de perto com as tradições coimbrãs. O curso de Direito foi concluído nos cinco anos da licenciatura, mas a ex-aluna não deixou de participar na tradição académica e fez parte da Tuna das Mondeguinas, do Orfeão e da Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra.

“Há tempo para tudo”, referiu Ana Janine, que se mostrou muito feliz com a possibilidade de viver o último acto da vida académica. “Só se passa por isto uma vez e é único. É tudo isto que torna a Universidade de Coimbra o que é”, acrescentou.

Jorge Lucas, de 23 anos, também foi rasgado. A licenciatura em Direito, completada em cinco anos, já ficou para trás. O estágio de advocacia é a etapa que se segue. O futuro é já ali, mas o antigo estudante prefere não fazer prognósticos. Ainda assim, deixa escapar que gostava de tentar a Magistratura.

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O ‘rasganço’ é visto por Jorge Lucas como “o fim da vida académica enquanto estudante”. “Sinto um misto de mágoa por deixar para trás os melhores anos da minha vida e alegria por ver acabar mais uma etapa e preparar-me para começar outra”, assegurou.

Fernando Rodrigues concluiu a licenciatura em Direito com 55 anos. Apesar de não fazer ‘rasganço’, o inspector das Finanças aposentado considera “fundamental divulgar esta tradição para que os jovens que se seguirem mantenham as tradições de Coimbra, que são únicas”.

DIFERENÇA ENTRE SEXOS

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O ‘rasganço’ é o último acto oficial numa licenciatura. Desde que estejam munidos da capa, os antigos e actuais estudantes da Universidade rasgam o traje académico do recém-licenciado. Os homens ficam apenas com o colarinho e os punhos da camisa, a gravata, as meias e os sapatos.

No que diz respeito às mulheres, funciona exactamente ao contrário. Apenas são rasgadas as meias, os punhos e o colarinho da camisa. Em ambos os casos, a capa e a pasta são os únicos adereços que escapam e ficam como recordação do curso. Este ritual é executado, normalmente pelas pessoas mais próximas do estudante.

FAMILIARES

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Os familiares dos estudantes são os convidados especiais para a recta final de um percurso trabalhoso e exigente.

BEBIDAS

As bebidas – alcoólicas ou não, dependendo dos gostos – estão sempre presentes no último acto da vida académica de um licenciado. A festa é até de madrugada.

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TRAJE

Os estudantes valorizam muito o traje académico, que os acompanha ao longo da vida universitária. Para muitos, a indumentária fica associada a episódios que serão recordados para sempre.

VETERANOS RECEBEM CALOIROS NA VIDA ACADÉMICA

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Algumas dezenas de caloiros foram praxados na sexta-feira no Parque das Nações, em Lisboa, em pelota. Nas últimas duas semanas, milhares de novos alunos das universidades e politécnicos têm sido alvo de praxes em todo o País – na primeira fase ficaram colocados mais de 34 mil caloiros. Dia 16, são afixados os resultados das candidaturas à 2.ª fase.

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