Advogado culpa calor por morte de recrutas dos Comandos
Defensor que representa diretor do 127º curso de Comandos, no qual morreram dois recrutas, pede absolvição dos 19 arguidos.
O advogado do diretor do 127º curso de Comandos - durante o qual perderam a vida os recrutas Dylan da Silva e Hugo Abreu, ambos de 20 anos, em 2016 - culpa o calor extremo pelas mortes. Alexandre Lafayette que, além do tenente-coronel Mário Maia, representa o primeiro-sargento Ricardo Rodrigues, pediu por isso a absolvição dos 19 arguidos, que estão a ser julgados por crimes como ofensas corporais e abuso de autoridade.
Usando da palavra nas alegações finais, no Tribunal de Monsanto (Lisboa), Alexandre Lafayette disparou esta segunda-feira em todas as direções. Começou por criticar o advogado Ricardo Sá Fernandes, representante das famílias dos recrutas mortos no processo cível contra os arguidos. Para Lafayette, Sá Fernandes “está claramente a querer manipular o desfecho do processo através da comunicação social”. Pondo em causa a prova apresentada pelo Ministério Público durante os cerca de dois anos e meio que já leva o processo, o advogado acusou mesmo Cândida Vilar, procuradora responsável pela fase de inquérito, de intervenção política no mesmo. “É filha de um ex-membro do Comité Central do PCP, que nunca aceitou o papel dos Comandos no 25 de Novembro de 1975”, disse perante os juízes.
Assim, e perante a “prova zero” do Ministério Público, Alexandre Lafayette apontou a vaga de calor que assolou Portugal no início de setembro de 2016, “como não se via desde a década de 1930”, como responsável pelos óbitos. “Eles morreram vítimas da vaga de calor”, concluiu o advogado.
Guião falsificado
Alexandre Lafayette reprovou a conduta do Exército neste caso dos Comandos, garantindo que o comandante da unidade, Dores Meira, falsificou mesmo o guião da prova zero do 127.º curso.
O advogado garante a inocência de outro cliente, o sargento Ricardo Rodrigues, que o Ministério Público quer punir com pelo menos 10 anos de cadeia, por colocar terra na boca de Hugo Abreu.
Acórdão próximo
A próxima e, ao que tudo indica, última sessão de alegações finais do processo está marcada para 25 de maio. O coletivo de juízes deverá, nessa sessão, agendar a leitura da sentença.
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