Agressões para recruta desistir dos fuzileiros
Militar tinha 18 anos quando foi espancado e humilhado.
Ao longo de quatro minutos, o jovem recruta da Escola de Fuzileiros de Vale de Zebro, no Barreiro, grita para os colegas pararem com as agressões. "Já chega. Parem", pediu o jovem, na altura com 18 anos, aos seis colegas que pretendiam afastá-lo do curso. A violência aconteceu em agosto de 2010, foi filmada por um dos agressores e colocada na internet. O mesmo jovem já tinha sido espancado e humilhado nas salas de aula e nas traseiras dos edifícios da Escola de Fuzileiros, em anteriores situações.
Cinco anos depois, o caso chega ao banco dos réus. A leitura do acórdão está marcada para amanhã à tarde no Tribunal do Barreiro. Segundo o Ministério Público "as agressões eram perpetradas por mais do que um arguido e concertavam entre si dar vários murros, pontapés no corpo do ofendido". No caso que foi revelado em vídeo, vê-se o jovem a levar joelhadas e a ser agredido com uma vassoura.
Os seis jovens respondem pelo crime de ofensas à integridade física na forma continuada. Segundo o Ministério Público, o militar, que se manteve nos fuzileiros, esteve um ano doente. Foi acompanhado em consultas de psicologia e de psiquiatria no Centro de Medicina Naval, no Alfeite, tendo-lhe sido diagnosticado transtorno de stress pós-traumático.
Apenas um dos agressores não foi castigado pela Marinha e é atualmente fuzileiro. Os restantes foram afastados. O Ministério Público não tem dúvidas de que "os arguidos atuaram com o intuito de humilhar o ofendido e induzi-lo a desistir do curso que frequentava fazendo-o crer que não tinha capacidades".
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