Água das torneiras de Soure e Pombal turva, escura e com mau cheiro
Moradores dizem que a situação se repete todos os anos, coincidindo com campanha do azeite.
De cor escura, turva e a cheirar mal, é assim a água das torneiras do abastecimento público em várias localidades dos concelhos de Soure e Pombal. Os moradores estão preocupados com a qualidade da água e revoltados por não terem recebido qualquer tipo de aviso prévio.
"Notava-se no paladar da comida, quando lavávamos a cara e os dentes, ficávamos a cheirar mal", conta Manuel Elias, que mora na Estrada de Anços, Redinha, Pombal, que já não usa água da rede e recorre a um tanque que tem para reter a água das chuvas. "A água das beiras está melhor do que a da rede", diz a vizinha, Natália Pato, que já teve de pedir duas vezes aos bombeiros para lhe levarem água.
A população diz que todos os anos isto acontece a seguir à campanha do azeite. "Este ano está a ser mau de mais", assegura Natália, que nos anos anteriores denunciou a situação, "mas nunca ninguém faz nada", lamenta.
Junto à nascente do rio Anços, a água está preta e há um cheiro nauseabundo. A situação está a ser acompanhada e monitorizada pelas autarquias de Pombal e Soure, garante o presidente da Junta de Freguesia da Redinha, Paulo Duarte, que aponta como causa do problema "a falta de saneamento, que deveria preocupar a própria União Europeia".
O Grupo de Proteção de Sicó (GPS) tem acompanhado toda esta situação e exige aos dois municípios a divulgação dos resultados das análises à água. "O princípio da transparência é de lei", diz Hugo Neves, do GPS, preocupado com os solos dos regadios e a "contaminação dos vegetais".
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