ÁGUAS MALPARADAS

As populações de Valbom, do concelho de Vila Flor, e de Vilares da Vilariça, do concelho de Alfândega da Fé, estão em sobressalto devido ao excesso de arsénio na água que lhes chega a casa através da rede pública. Há mesmo quem associe algumas das mortes que ocorreram no passado ao consumo da água contaminada, dada a proximidade das Minas de Freixeda, Mirandela.

08 de novembro de 2004 às 00:00
ÁGUAS MALPARADAS Foto: Luís C. Ribeiro
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Para já, a situação parece estar controlada, apesar de os populares continuarem a garantir a qualidade da água que corre pelas torneiras. O consumo, porém, está proibido e as freguesias têm de abastecer-se em depósitos que ali foram colocados.

Segundo Manuel António Rodrigues, secretário da Junta de Freguesia de Valbom, o problema já se arrasta desde 2001, mas só há poucos meses mandaram realizar análises, cujos resultados disseram que o precioso líquido tinha excesso de arsénio.

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"Agora, a população está avisada, mas nos últimos três anos já se bebeu muita água contaminada", refere.

Que o diga João Costa. Aos 68 anos, este residente na freguesia de Valbom, já não tem dúvidas sobre o escureceu os seus dentes ao longo dos anos.

"Nunca me senti mal com a água de Valbom, coisa que não acontecia com a da Barragem da Burga, onde morei anteriormente, que me pôs os dentes todos negros.

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No concelho vizinho de Alfândega da Fé, a situação repete-se, tal como referiu ao CM o presidente da Freguesia de Vilares da Vilariça, aldeia servida por três nascentes.

A solução para o problema tem vindo a ser estudada pelos responsáveis das autarquias, prevendo-se que as populações possam ser abastecidas a partir da barragem do Peneireiro, em Vila Flor.

"Quando tomei conhecimento fiquei estupefacto e preocupado com os meus paroquianos e comigo mesmo, já que sempre bebi desta água, que afinal de contas está envenenada, porque o arsénio é veneno extremamente eficaz". As palavras são de José Rodrigues, o pároco das aldeias afectadas. As missas diárias foram o primeiro ponto de informação para os populares e rapidamente "a má nova" se espalhou por todas as aldeias da Vilariça.

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"As comunidades afectadas são da minha jurisdição, com particular destaque para Valbom, onde, segundo me disseram, a situação é gravíssima. Estou muito preocupado".

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