Aldeias choram vítimas da tragédia dos fogos
Familiares das vítimas pedem às autoridades rapidez para libertarem os corpos para se realizarem os funerais.
Os dias passam, mas na cabeça de quem viveu o inferno das chamas persistem as memórias do último domingo - um dia em que os incêndios devoraram aldeias inteiras e mataram pelo menos 43 pessoas, em Viseu, Coimbra, Guarda e Castelo Branco. O número de vítimas mortais foi ontem atualizado e pode não ficar por aqui.
As despedidas são duras. Ainda ontem realizaram-se funerais em Seia, Oliveira do Hospital, Arganil e Santa Comba Dão.
Fernando Almeida, de 58 anos, e António Borges de Almeida, de 72 anos eram primos. Andavam muitas vezes juntos e morreram no mesmo dia, na mesma tragédia. Centenas de pessoas choraram ontem no funeral. Os corpos saíram ao início da tarde do Instituto de Medicina Legal de Coimbra para Cerdeira, em Arganil.
Chegaram às 16h00. Fernando Almeida foi apanhado pelo fogo quando tentava salvar bens; o primo António quando tentava retirar o carro para local seguro. "Eram como irmãos", disse Maria Araújo, de Lisboa, prima das vítimas, que ficou chocada com o cenário que encontrou: "Isto está muito pior do que aparece na televisão", lamenta.
As restantes famílias pedem para que os corpos sejam libertados o mais rápido possível para poderem também fazer o seu luto.
PORMENORES
Oliveira do Hospital
O corpo encontrado ontem em Avô, Oliveira do Hospital, estava completamente carbonizado e ainda não está identificado.
INEM assistiu 137 pessoas
O INEM realizou um total de 137 assistências às vítimas e familiares dos incêndios, bem como a bombeiros que entraram em crise psicológica devido ao sentimento de impotência face à dimensão dos incêndios.
PJ prende incendiário
A PJ anunciou ontem a detenção em Cinfães, Viseu, de um pastor, de 36 anos, por um fogo florestal ocorrido no dia 3, e que consumiu 131 hectares de floresta. Este ano, a PJ já prendeu 108 incendiários.
Ajuda vem da Europa
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, prometeu ontem que o executivo comunitário "vai acionar todos os instrumentos de solidariedade para com Portugal e Espanha, devido aos fogos".
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