"Apelei à comunidade para não resistir a assaltos e fechar cedo": porta voz dos imigrantes preocupado com homicídios

Dois homicídios em quatro meses preocupam comunidade do Bangladesh em Portugal. Líder fala em medidas de autodefesa, como alteração de horários.

03 de novembro de 2025 às 01:30
Taslim Rana é o líder da comunidade do Bangladesh em Portugal Foto: Jorge Paula
Mohamed Shamim Bhai morreu esfaqueado na Costa da Caparica Foto: Direitos Reservados
Meios de socorro e da GNR junto ao corpo de Mohamed Bhai Foto: Direitos reservados

1/3

Partilhar

A comunidade do Bangladesh em Portugal está alarmada com a insegurança. Em apenas quatro meses, dois imigrantes foram assassinados enquanto trabalhavam, na Margem Sul do Tejo. Taslim Rana, porta-voz desta comunidade imigrante, esteve na Costa da Caparica (local de residência da última vítima), e deixou uma mensagem: "Apelei à comunidade para que não resista a assaltos."

Na noite de 13 de junho, um homem de 44 anos, natural deste país asiático, foi morto a tiro no interior do supermercado que explorava, no Feijó, Almada. A mulher e os dois filhos menores assistiram ao crime, que terá sido praticado por dois jovens durante um assalto. A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal ainda investiga o crime. O mesmo órgão de polícia criminal ficou, igualmente, com a investigação ao homicídio de Mohamed Shamim Bhai. O empregado de balcão num estabelecimento da Costa da Caparica, também no concelho de Almada, tinha um part-time como entregador de comida. Na noite de terça-feira, o imigrante, de 31 anos, apercebeu-se que um homem lhe tinha roubado a bicicleta de trabalho. Perseguiu o ladrão até uma travessa escura, onde o assaltante desferiu várias facadas e fugiu com o veículo de duas rodas. Mohamed morreu, tendo o corpo sido retirado do local só 12 horas depois.

Pub

Taslim Rana esteve na Costa da Caparica para se inteirar da situação e disse ao CM que "Mohamed será sepultado em Portugal". "A comunidade vai financiar o funeral e vai também ajudar a viúva, que não trabalha, e a filha de 10 meses", explicou. O líder comunitário acrescentou que os compatriotas "já fizeram um cordão humano na Costa da Caparica, após o crime mais recente, com cerca de 200 pessoas, a pedir resolução rápida dos homicídios". "Resolvi também apelar a que as pessoas se protejam da insegurança, com medidas de autodefesa. Passam por, sempre que possível, encurtar os horários de funcionamento das lojas e, principalmente, não resistir a assaltos", concluiu.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar