"Apelei à comunidade para não resistir a assaltos e fechar cedo": porta voz dos imigrantes preocupado com homicídios
Dois homicídios em quatro meses preocupam comunidade do Bangladesh em Portugal. Líder fala em medidas de autodefesa, como alteração de horários.
A comunidade do Bangladesh em Portugal está alarmada com a insegurança. Em apenas quatro meses, dois imigrantes foram assassinados enquanto trabalhavam, na Margem Sul do Tejo. Taslim Rana, porta-voz desta comunidade imigrante, esteve na Costa da Caparica (local de residência da última vítima), e deixou uma mensagem: "Apelei à comunidade para que não resista a assaltos."
Na noite de 13 de junho, um homem de 44 anos, natural deste país asiático, foi morto a tiro no interior do supermercado que explorava, no Feijó, Almada. A mulher e os dois filhos menores assistiram ao crime, que terá sido praticado por dois jovens durante um assalto. A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal ainda investiga o crime. O mesmo órgão de polícia criminal ficou, igualmente, com a investigação ao homicídio de Mohamed Shamim Bhai. O empregado de balcão num estabelecimento da Costa da Caparica, também no concelho de Almada, tinha um part-time como entregador de comida. Na noite de terça-feira, o imigrante, de 31 anos, apercebeu-se que um homem lhe tinha roubado a bicicleta de trabalho. Perseguiu o ladrão até uma travessa escura, onde o assaltante desferiu várias facadas e fugiu com o veículo de duas rodas. Mohamed morreu, tendo o corpo sido retirado do local só 12 horas depois.
Taslim Rana esteve na Costa da Caparica para se inteirar da situação e disse ao CM que "Mohamed será sepultado em Portugal". "A comunidade vai financiar o funeral e vai também ajudar a viúva, que não trabalha, e a filha de 10 meses", explicou. O líder comunitário acrescentou que os compatriotas "já fizeram um cordão humano na Costa da Caparica, após o crime mais recente, com cerca de 200 pessoas, a pedir resolução rápida dos homicídios". "Resolvi também apelar a que as pessoas se protejam da insegurança, com medidas de autodefesa. Passam por, sempre que possível, encurtar os horários de funcionamento das lojas e, principalmente, não resistir a assaltos", concluiu.
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