As escutas decisivas e a fortuna escondida de Sócrates
As respostas às perguntas reunidas em dois livros que podem ser adquiridos, na compra do jornal, por 3,95 euros.
Foram muitas as interrogações que suscitaram dúvidas sobre o ‘estilo de vida’ do antigo primeiro-ministro José Sócrates. Como pagou as suas despesas, não só os encargos em França, mas os compromissos que deixou em Portugal. Como paga ainda hoje a sua vida? As perguntas, a que o Correio da Manhã deu forma de letra, foram as óbvias que o jornalismo deve procurar. As respostas estão na acusação do processo Marquês.
Os dois volumes de ‘Sócrates - O Golpe’, da autoria dos jornalistas António Sérgio Azenha, Tânia Laranjo e Débora Carvalho e coordenação de Eduardo Dâmaso, contam-lhe toda a trama.
Nunca antes tinha acontecido em Portugal um antigo primeiro-ministro ter de explicar em tribunal como obteve uma fortuna superior a 34 milhões de euros; quem lhe pagou pelos favores feitos; como gastou o dinheiro.
Afastado do poder e sem trabalho, José Sócrates não mudou o padrão de vida. As casas que comprava ou queria comprar, os restaurantes caros que frequentava, os carros de elevada cilindrada e o vestuário de luxo eram sinais que não se explicavam pelos rendimentos conhecidos. Tudo na sua vida não fazia sentido e, em 2014, o seu mundo ruiu.
Foi preso à chegada de uma viagem a Paris, cumpriu longos meses de prisão preventiva, desafiou a Justiça. A investigação terminou este ano, sendo acusado pelos crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
A acusação retrata um País muito diferente da narrativa de sucesso que Sócrates quis construir. Está ali contada a forma como juntou fortuna e como o fez - em grande parte, por conta dos interesses de Ricardo Salgado e do clã Espírito Santo. Estão ali também os cúmplices de todo o esquema, de Carlos Santos Silva a Henrique Granadeiro e Zeinal Bava.
Para ler e reler toda a história desta acusação inédita do Ministério Público ao antigo chefe do Governo, neste dois volumes de ‘Sócrates - O Golpe’, o político que atravessou escândalos e mais escândalos, dos quais saiu sempre incólume (Cova da Beira, licenciatura, caso Freeport e processo Face Oculta), mas que acabou traído pela arrogância de quem achava que nada tinha a explicar.
O 1º volume, que chega amanhã às bancas, desenvolve-se por quatro capítulos, começando com a vida de luxo em Paris e a investigação levada a cabo pelo CM e termina com os interrogatórios ao seu motorista e também arguido, João Perna, onde surge a célebre frase: "Vem tudo pela porta do cavalo". Contempla, ainda, um guia de leitura rápida sobre os arguidos do processo Marquês e os crimes que lhes são imputados na acusação.
O 2º volume dá conta da forma como o Ministério Público desvendou a origem do dinheiro e as ligações ao Grupo Espírito Santo e à PT, terminando com as ‘luvas’ recebidas por José Sócrates ao longo dos anos.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt