Ondas do Meco voltam a matar

Aventura acaba com turistas levados pelo mar.

10 de abril de 2018 às 01:30
Corpo da vítima foi recolhido do areal pela Autoridade Marítima Foto: Mariline Alves
Desaparecidos na praia do Meco Foto: Mariline Alves
Desaparecidos na praia do Meco Foto: Mariline Alves
Desaparecidos na praia do Meco Foto: Mariline Alves

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Uma viagem a Portugal que incluía uma experiência de parapente terminou esta segunda-feira da pior forma para um grupo de austríacos e alemães. Uma das turistas perdeu o controlo da asa e caiu nas águas revoltas da praia do Meco, em Sesimbra.

Dois amigos que já estavam no areal arriscaram e entraram no mar para a salvar. Os três austríacos não voltaram para junto do grupo. O corpo de Alexander Radstadt, 51 anos, foi devolvido pelo mar e o óbito foi declarado ainda no areal. Johann Riedl e Maria Speiser, de 34 e 37 anos, continuavam desaparecidos ontem à noite.

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O alerta para a tragédia foi dado poucos minutos antes do meio-dia. O grupo tinha levantado voo minutos antes da rampa livre da praia do Meco. Alexander e Johann já tinham aterrado e largado a asa. Mas a companheira de aventura aterrou mal, junto à rebentação, e a vela foi arrastada por uma onda.

A seguir veio a tragédia, perante o olhar impotente dos amigos. O grupo de 14 pessoas, apurou o CM, estava em Portugal desde 6ª feira para uma semana a praticar parapente. Durante o fim de semana já tinham sido vistos na zona do Meco e realizaram outros voos. Tal como o resto do grupo, os três austríacos tinham experiência na modalidade. Voavam a solo e tinham equipamento próprio.

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Aliás, faziam-se acompanhar apenas de um intérprete, por não precisarem de instrutores para a prática da modalidade.

Segundo o capitão do Porto de Setúbal, Luís Lavrador, que coordenou as buscas, é possível que as duas vítimas desaparecidas estejam "enroladas" na asa, localizada durante a tarde e que apesar das correntes não se movimentou em qualquer direção. Ainda assim, a abordagem à mesma não foi possível.

Local muito procurado para parapente

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A zona do Meco é um dos locais em Portugal mais procurados para a prática de parapente. As condições naturais são ótimas para a modalidade e a rampa livre permite até aos menos experientes levantar sem grandes dificuldades. Ainda assim, são frequentes os acidentes em resultado de quedas e golpes de vento.

PORMENORES 

Apoio psicológico

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Os onze amigos que integravam o grupo de turistas austríacos e alemães ficaram em choque com o sucedido e receberam apoio dos psicólogos do INEM e da Polícia Marítima no local.

Corpo para a morgue

O corpo de Alexander Radstadt foi recolhido do areal ontem à tarde e levado para a morgue do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, para ser autopsiado.

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Ondas mataram seis estudantes

João Miguel Gouveia, o então Dux da Universidade Lusófona, foi o único sobrevivente. Os corpos dos restantes foram encontrados nos dias que se seguiram. Recorde-se que o grupo tinha alugado uma casa, em Aiana de Cima, perto do Meco, para passar o fim de semana.

De acordo com a versão apresentada por Etelvina Fonseca, de 67 anos, empregada de limpeza da casa que foi arrendada pelo grupo de estudantes, os jovens já teriam sido vistos a rastejar com pedras amarradas aos pés, confirmando, assim, a tese de que estariam em atividades da comissão de praxe.

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Na altura, os pais das vítimas avançaram com ações cíveis contra João Miguel Gouveia e contra a própria Universidade Lusófona no valor de 150 mil euros por cada vítima, que resulta num total de 900 mil euros de indemnização. A 19 de janeiro de 2016, o Tribunal da Relação de Évora confirmou o arquivamento do processo-crime depois de ter considerado que não havia indícios de crime.

SAIBA MAIS

1485

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Ano em que Leonardo da Vinci idealizou um ‘protetor paraquedas’, feito de pano e com o formato de uma pirâmide, que posteriormente serviu para estudar os princípios da aerodinâmica.

Pioneiro em paraquedas

O engenheiro francês André-Jacques Garnerin realizou o primeiro salto de paraquedas, a 22 de outubro de 1797. Garnerin saltou de um balão a mais de 900 metros de altura.

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Cinco mil metros

A queda livre inicia-se a uma altitude de três mil metros e tem uma duração de 20 a 25 segundos. Se subir aos 4200 metros, a queda será de 60 segundos. Mas se preferir ir até aos cinco mil metros demorará 75 segundos.

220 quilómetros por hora

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Durante a queda livre, o corpo do paraquedista pode atingir uma velocidade vertical superior a 220 quilómetros por hora, podendo através da mudança da posição efetuar diversos movimentos.

Quanto é que custa?

Quanto mais alto for o salto, mais alto será o preço a pagar pela aventura. Os preços começam nos 115 euros e podem ultrapassar os 200 euros.

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