Bala e anel de ouro foram as maiores prendas

O Santuário de Fátima é um dos locais do Mundo que guarda mais objectos que foram pertença do Papa João Paulo II. Tem casulas, albas, solidéus, estolas, lenços, cálices, píxides e patelas, mas tem, sobretudo, o anel de ouro que usou em boa parte do pontificado, para além da já referida bala.

A oferta do anel está ainda na memória de muitos dos peregrinos de Fátima. Na tarde de 12 de Maio de 2000, véspera da beatificação dos Pastorinhos Jacinta e Francisco, o Papa ajoelhou-se em frente à imagem de Nossa Senhora, rezou durante vários minutos, num silêncio quase absoluto, apesar das mais de 400 mil pessoas que ali se ajoelhavam também.

Quando se levantou, dirigiu-se à Virgem do Rosário e ofereceu-lhe o anel de ouro, com a efígie de Nossa Senhora e as palavras ‘Totus Tuus’, que o amigo e timoneiro espiritual, cardeal Stefan Wyszynski, lhe oferecera aquando da sua eleição pontifícia.

O gesto foi explicado numa carta, entregue ao então bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva: "Com muita alegria, ofereço este anel a Nossa Senhora de Fátima em sinal da minha profunda gratidão pela protecção que me tem concedido".

COROA OFERECIDA EM 1942

A maior de todas as prendas oferecidas por João Paulo II ao Santuário de Fátima é, sem dúvida, a bala disparada pelo turco Ali Agca contra o Papa. Foi oferecida por Karol Wojtyla em Março de 1984, ao então bispo de Fátima, D. Alberto Cosme do Amaral, que se encontrava em Roma a propósito da primeira ida da imagem de Nossa Senhora ao Vaticano. "Tenho aqui uma prenda para Nossa Senhora", disse na altura João Paulo II ao bispo de Fátima. Após alguns meses à procura do melhor lugar para guardar tão precioso objecto, o bispo e o reitor do Santuário decidiram encastoá-la na coroa rica de Nossa Senhora, utilizada apenas nas cerimónias mais solenes. A coroa pesa 1200 gramas, é enriquecida com 313 pérolas e 2679 pedras preciosas, e foi oferecida pelas mulheres portuguesas em 1942, em acção de graças por Portugal não ter entrado na II Guerra Mundial.

PERDOOU QUEM O TENTOU MATAR

A 13 de Maio de 1981 o turco Ali Agca tentou matar João Paulo II, em plena Praça de São Pedro, no Vaticano. A bala disparada por Agca acabou por trespassar o corpo do Papa, que acabou submetido a uma cirurgia de mais de cinco horas, tendo-lhe sido extirpados 55 centímetros de intestino. João Paulo II atribuiu a sua salvação à Virgem Maria, que teria "desviado" os projécteis. Em 1983, João Paulo II encontrou-se com quem o tentara matar e concedeu-lhe perdão. Ali Agca acabou por cumprir 29 anos de prisão e foi libertado em 18 de Janeiro de 2010.