Carloto Cotta começa a ser julgado quinta-feira e avançou com queixa por difamação
Ator vai ser julgado, com sessão à porta fechada, pelos crimes de violação e sequestro.
O ator Carloto Cotta começa a ser julgado esta quinta-feira, com sessão à porta fechada, pelos crimes de violação e sequestro, tendo o ator avançado com uma queixa por difamação contra a mulher que fez a denúncia.
A primeira sessão de julgamento acontece no Tribunal de Sintra e em causa estão nove crimes: um de importunação sexual, um de coação sexual, um de violação, um de sequestro na forma agravada, dois crimes de ameaça agravada, um de coação agravada, um de ofensa à integridade física simples e um de injúria.
A acusação foi deduzida no final de janeiro deste ano e, no início de setembro, a defesa de Carloto Cotta avançou com uma queixa-crime por denúncia caluniosa, difamação e falsidade de depoimento contra a mulher que apresentou a denúncia que deu origem ao julgamento que começa esta quinta-feira e contra desconhecidos por duas denúncias anónimas recebidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na sequência desta queixa, foi aberto um inquérito no Departamento de Investigação de Ação Penal (DIAP), disse à Lusa fonte próxima do processo. A queixa-crime apresentada considera que as declarações feitas pela alegada vítima, além de falsas, apresentam várias versões, e sublinha o impacto negativo que a denúncia da alegada vítima teve na vida pessoal e profissional do ator.
Contactado pela Lusa, o advogado de Carloto Cotta recusou fazer comentários sobre este caso. "Deixemos as autoridades fazer o seu trabalho, e peço a todos que não se precipitem e que não comentem, não cancelem e não condenem sem saber o que de verdade se passou e apenas com base numa denúncia que é falsa e nem sequer é credível e num processo cujo inquérito tem contornos muito duvidosos", disse o advogado Rui Patrício.
De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), avançada pelo Expresso e consultada posteriormente pela Lusa, o caso aconteceu em 2023 e envolveu uma mulher que o ator conhecera meses antes.
O MP acredita que Carloto Cotta manteve a mulher fechada em casa durante várias horas, privando-a de "liberdade ambulatória e de decisão", constrangeu-a "por meio de força física" a um ato sexual não consentido e contra a sua vontade e "agiu ainda com os propósitos, concretizados, de molestar o corpo e a saúde" da vítima.
Nas sete páginas da acusação, a procuradora responsável pelo processo descreveu que, ao tentar fugir da residência de Carloto Cotta, a mulher terá saltado de uma janela para a via pública em busca de ajuda junto a pessoas que se encontravam nas imediações, tendo sofrido "um hematoma na cabeça, equimoses e arranhões no antebraço direito".
Na sequência da dedução da acusação pelo Ministério Público, a defesa do ator avançou com uma contestação, noticiada pelo Expresso e consultada pela Lusa, que contraria o depoimento da mulher que avançou com a denúncia contra Carloto Cotta e mostra uma fotografia dessa mulher, sentada na esplanada do pátio da casa do ator e tirada um dia depois dos acontecimentos que constam na acusação.
A defesa do ator pediu que a alegada vítima preste declarações durante o julgamento, por considerar que existem, pelo menos, quatro versões dos alegados factos que contradizem as declarações prestadas para memória futura e que são utilizadas em tribunal. No entanto, em relação a este pedido, o tribunal não deu, por enquanto, luz verde.
Carloto Cotta nasceu em França em 1984, estudou na Escola Profissional de Teatro de Cascais e trabalhou sobretudo em cinema e televisão. No cinema, protagonizou filmes como "Arena" (2009), de João Salaviza, "Diamantino" (2018), de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, e "Banzo" (2024), de Margarida Cardoso.
Entrou ainda em filmes de Miguel Gomes, Margarida Gil e Diogo Costa Amarante, nas telenovelas "Santa Bárbara", "A impostora" e "Laços de Sangue", e nas séries "O Americano" e "Casa Abrigo", esta última com estreia marcada para 27 de outubro na RTP.
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