Cemitério recusa enterrar indigente
Pedro Barradas esteve 40 dias na morgue.
Foi morto à paulada e esteve 40 dias na morgue até que fosse passada a certidão de óbito. Sem família, foram os amigos de Pedro Barradas que decidiram dar-lhe um funeral digno. Quando finalmente o tribunal deu autorização, a Junta de Freguesia de Alvor recusou enterrá-lo no cemitério da freguesia.
Pedro Barradas, de 59 anos, vivia da solidariedade de algumas pessoas, que lhe davam comida e roupa. Foi morto à paulada na Quinta da Festa Brava, em Marachique, Alvor, onde vivia há vários anos. A agressão ocorreu no dia 1 de janeiro, após uma discussão com Joaquim Inácio, que está preso.
A funerária Barlavento, ao que o CM apurou, tentou localizar familiares do cabo-verdiano mas sem sucesso. Paula Sousa e o irmão, amigos que assumiram os custos do funeral, ficaram revoltados com a decisão da Junta de Alvor. "Todos têm direito a um funeral digno. Se fosse uma pessoa com dinheiro era diferente", lamentou Paula Sousa. Confrontado pelo CM, o presidente da Junta de Alvor, Artur Santana, justificou a decisão com as "dificuldades de espaço" e porque o cabo-verdiano "não tinha documentos que comprovassem que morava em Alvor".
Depois da polémica, Pedro Barradas foi enterrado ontem, por solidariedade, mas no cemitério de Portimão.
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