Centenas em protesto contra dragagem no Sado
População critica governantes, que acusam de “sobrepor os interesses económicos a tudo o resto".
Centenas de pessoas juntaram-se este sábado no Jardim da Beira-mar, em Setúbal, em protesto contra a obra de ampliação do Porto de Setúbal, cujo projeto inclui a dragagem de 6,5 milhões de metros cúbicos de areia do rio Sado.
"Está em causa a sobrevivência do Sado. Vão esventrar o rio, que nunca mais será o mesmo, e os impactos ambientais vão ser sentidos durante décadas", afirmou Pedro Vieira, presidente do Clube da Arrábida. "Os nossos governantes, em termos ambientais, não avançaram e continuam a sobrepor os interesses económicos a tudo o resto. Vamos tirar a areia para barcos maiores entrarem. Não precisamos deles, estamos bem assim", disse Carlos Saldanha.
A associação Zero, que está contra as obras que ameaçam acabar com as praias da Arrábida, admite que Setúbal não está mais em condições de integrar a lista das mais belas baías do mundo, até agora uma das mais fortes bandeiras da autarquia. "Tenho sérias dúvidas sobre se vamos continuar a ter uma das mais belas baías do mundo, este é um ecossistema muito importante que fica muito ameaçado", explicou Francisco Ferreira, presidente da Zero.
Os manifestantes seguravam cartazes onde pediam o fim da obra de ampliação do porto e a saída da presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), Lídia Sequeira, a quem deixaram recados. "Gostava que a presidente da APSS viesse visitar a nossa cidade e visse com os seus olhos o que estão prestes a destruir", lamentou Sónia Mota.
A obra de dragagem pretende alargar os canais de navegação para permitir a entrada de navios de maiores dimensões.
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