CONFIRMADOS VOOS ILEGAIS COM HELI DE LAMEGO
O helicóptero estacionado na pista de Lamego para combater os fogos florestais, envolvido no ‘caso do heliturismo’, efectuou mesmo dois voos ilegais quando tinha de estar ao serviço dos bombeiros, apurou ontem o Correio da Manhã junto do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).
Esta é uma das conclusões do processo de inquérito realizado por inspectores do SNBPC, mandado instaurar pelo ministro da Administração Interna, Figueiredo Lopes, quando tomou conhecimento do uso da aeronave para “viagens turísticas”.
Perante o resultado do inquérito, o presidente do SNBPC, Paiva Monteiro, ordenou a abertura de processos disciplinares aos dois bombeiros que coordenavam o Centro de Meios Aéreos de Lamego quando se efectuaram os dois voos: o 2.º comandante dos Bombeiros Voluntários de Lamego e o comandante interino dos voluntários de Tabuaço. “Se há um processo disciplinar é porque houve alguma infracção”, afirmou Paiva Monteiro, acrescentando que a investigação ainda não está concluída, até porque os bombeiros “poderão revelar dados novos”.
Um dos bombeiros visados é o comandante interino dos voluntários de Tabuaço, Artur Longra, que se diz “inocente” e de “consciência tranquila”. O helicóptero esteve no ar “apenas” cinco minutos a lançar flores sobre a procissão de Nossa Senhora dos Remédios, explicou. “Foi o piloto que me disse que era habitual o helicóptero lançar as flores na procissão. Eu não queria, mas ele insistiu”, adiantou Artur Longra, “arrependido” de não ter dado conhecimento ao coordenador distrital: “Fiz tudo de boa fé”.
O nosso jornal tentou ouvir o 2.º comandante dos Bombeiros de Lamego, para saber em que contexto aconteceu o outro voo, mas foi impossível.
Os ‘voos turísticos’ realizados em horas de serviço - das 8 às 19 horas - aconteceram no dia 8 de Setembro e num dia da semana em que o caso se tornou público, a 26 de Setembro.
INVESTIGAÇÃO E DEMISSÕES
QUEM PAGOU?
Paiva Monteiro disse que está em avaliação se houve ou não “violação no contrato com a empresa” proprietária do helicóptero. Os dois voos não foram registados como “voos operacionais”.
INQUIRIDORES
Caberá agora ao coordenador do SNBPC de Viseu nomear uma equipa para investigar os voos ilegais. João Marques, escusou-se ontem a fazer qualquer “comentário” sobre o caso.
POLÉMICA
Este caso esteve na base da demissão do presidente do SNBPC e do coordenador distrital de Viseu e da suspensão de Nuno Carvalho, comandante dos Bombeiros de Lamego, que já está ao serviço.
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