“Controlo feito à pressa é risco para a segurança”
Presidente do sindicato dos inspetores do SEF fala em pressões do Governo e da ANA nos aeroportos.
Os inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras nos aeroportos – 130, por turnos – dizem-se pressionados. Da parte do Governo e pela ANA, concessionária, é-lhes exigida rapidez no controlo documental, para reduzir os atrasos nas entradas de turistas. Acácio Pereira, presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF, pede reforço de pessoal em vez de um controlo feito à pressa – que constitui um perigo para a segurança nacional.
CM – De que forma são os inspetores do SEF pressionados?
Acácio Pereira – Há uma pressão do Governo, que no âmbito dos objetivos estabelecidos para o Ministério da Administração Interna impõe que os passageiros de cada voo sejam controlados nas fronteiras em menos de 40 minutos. Se politicamente é desejável um objetivo destes, operacionalmente não.
– Existem inspetores do SEF suficientes nos aeroportos?
– O presidente da ANA que se defina quando diz que há inspetores suficientes, pois já disse o contrário. Não o levamos a sério, já que a ANA provocatoriamente pôs junto às fronteiras máquinas de smiles [avaliador de satisfação em relação ao trabalho do SEF]. Consideramos isso ofensivo. O controlo de fronteiras é fundamental para um país e para a União Europeia.
– O trabalho dos inspetores do SEF nos aeroportos é, neste momento, sustentável?
– A questão do aeroporto é uma tempestade perfeita da confluência de três fatores: um deles o pessoal, o outro a infraestrutura ser desadequada, e a concentração de voos em determinado período. O que torna o trabalho dos inspetores muito complicado. Em Lisboa existem cerca de 180 inspetores no Aeroporto, mas na prática trabalhamos com 130, o que é pouco. O aeroporto não foi pensado para o atual movimento, portanto há que frisar a diretiva comunitária, que obriga ao controlo de todos os passageiros no âmbito da estratégia antiterrorista, e o SEF está a cumpri-la. Mas precisamos com urgência de pelo menos 200 inspetores. O Serviço tem cerca de 780 e deveria estar a trabalhar com pelo menos mil.
Perfil
Acácio Pereira nasceu há 50 anos em Vila Mendo, no concelho da Guarda. Casado e com dois filhos, entrou no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras em 1991. Prestou serviço no Aeroporto de Lisboa, e ainda em Coimbra e no posto fronteiriço de Vilar Formoso, no distrito da Guarda. Assumiu o cargo de presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF em 2011, no qual ainda permanece.
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