Menina de 8 anos morre atropelada em festa de escuteiros
Vítimas estavam no adro da Igreja a ensaiar. Carro, em marcha-atrás, colheu cinco crianças.
A lobita Gabriela Moreira, de oito anos, encontrava-se num lugar aparentemente seguro: a ensaiar na fanfarra dos Escuteiros de Lijó, Barcelos, no parque de estacionamento da igreja paroquial. Mas morreu atropelada por um carro que recuou de forma desgovernada.
Gabriela ficou literalmente debaixo da viatura e, no acidente, ficaram ainda feridas mais três meninas - de 8, 13 e 14 anos - e um rapaz, de 21. Duas das vítimas são irmãs.
Tudo aconteceu pelas 11h00. Por razões não apuradas, um Mercedes, de caixa automática, conduzido por uma mulher de cerca de 50 anos, saiu do estacionamento em marcha-atrás e colheu com violência as vítimas.
"Quando cá chegamos, encontrámos um cenário bastante complicado. Duas das meninas estavam debaixo do carro", explicou, ao CM, José Simões, adjunto do comando dos Bombeiros de Barcelos - que estiveram no local, com 20 operacionais e 8 viaturas.
Gabriela teve morte imediata. "Apesar das manobras de reanimação, não foi possível reverter a situação", revelou. Foram acionadas para o local equipas de psicólogos do INEM de Coimbra e do Porto para prestar apoio aos familiares e às vítimas.
Os feridos foram transportados para o Hospital de Braga - o jovem e a menina de 13 anos com acompanhamento da VMER. A mais nova das feridas, de oito anos, e a de 14 tiveram alta na tarde de domingo.
Na freguesia e na paróquia, o sentimento de tristeza e consternação tomou conta da população, que chora a morte da menina e reza pela recuperação das restantes vítimas.
O escutismo também chora a perda trágica desta lobita. O Corpo Nacional de Escutas decretou luto por um período de sete dias, com a colocação das bandeiras a meia haste. Nas redes sociais são muitas as publicações de pesar.
"O escutismo está hoje mais pobre e triste", escreve o agrupamento de S. Mamede de Infesta, "Pelo falecimento de uma ‘irmã’ lobita, o nosso agrupamento mostra-se solidário", refere agrupamento 354 Vila Frescaínha.
As causas do acidente são desconhecidas, mas presume-se que a condutora - uma mulher de 50 anos - tenha acelerado ao recuar e perdido o controlo da viatura. O caso está agora a ser alvo de investigação por parte da GNR.
Negligência Grave - Cinco anos de cadeia
O jurista Rui Pereira explicou que o homicídio negligente tem uma moldura penal prevista de até três anos de cadeia por cada crime. Contudo, no caso de negligência grave, a pena pode atingir os cinco anos de cadeia por cada crime. No crime de negligência não é aplicada prisão preventiva.
Menina foi operada
O jovem de 21 anos e a menina de 13 estão ainda internadas em Braga. O primeiro sofreu ferimentos na cara. A menor foi operada a uma laceração.
Estado de negação da família
No quadro de dor severa em que a família se encontra pela perda de uma criança de oito anos, a psicóloga Sílvia Botelho referiu que a família pode estar em negação, recusando aceitar a verdade.
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