“Destruiu as nossas vidas”
No início era um galã, seduzia as mulheres. E depois roubava-lhes o que podia. As seis vítimas do falso piloto da TAP, atraídas pela internet, vivem agora horas de vergonha. O burlão, José Perestrelo Nogueira, 55 anos, preso quarta-feira pela PJ, está em prisão preventiva, mas a sua cúmplice, que se fazia passar por juíza, aguarda pelo julgamento em liberdade.
"Ele exibe documentos de tudo, inclusivamente do brevet de piloto, e ninguém ao início desconfia que podem ser falsos", recorda ao CM ‘Carla’, uma empresária do Norte do Ribatejo, que perdeu milhares de euros.
A maioria das vítimas são mulheres, entre os 35 e 55 anos, divorciadas, independentes e com algum poder económico. "No início, é o homem mais romântico e meigo do Mundo. Depois, inventa mentiras e cria conflitos com a nossa família, de forma a deixar-nos isoladas e desprotegidas", conta ‘Carla’, que chegou a afastar-se dos filhos e confessa sentir ainda hoje "vergonha por ter andado cega".
Algumas das mulheres enganadas começaram a contactar--se através da internet. Sabendo os sites que o falso piloto costuma frequentar, casos do Clube da Amizade e do Facebook, colocaram a circular um e-mail a avisar outras frequentadoras para que não caíssem nas burlas.
No documento, além de todos os dados biográficos e da fotografia, é referido que Perestrelo Nogueira costuma fazer-se passar por oficial da Força Aérea, piloto de aviação comercial ou engenheiro aeronáutico.
As vítimas criticam o facto de o juiz de instrução criminal ter deixado em liberdade a cúmplice do burlão, que se fazia passar por juíza de um Tribunal da Relação. "Para nós, a quem este homem destruiu a vida, é uma decisão inaceitável, uma vez que ela ajudou-o sempre em tudo, passando-se por juíza para dar credibilidade às suas mentiras", diz ‘Anabela’, outra das lesadas pelo burlão.
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