Dez dos 15 arguidos em caso de auxílio à imigração ilegal condenados a penas pesadas
SEF refere que no julgamento ficaram provadas as ligações existentes entre todos os arguidos.
Dez dos 15 arguidos de um processo sobre obtenção fraudulenta da nacionalidade portuguesa foram condenados a penas entre três anos e meio e sete anos de prisão efetiva, informou este sábado o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Em comunicado, o SEF refere que no julgamento, realizado pelo Juízo Central Criminal de Lisboa, ficaram provadas as ligações existentes entre todos os arguidos, que entre 2015 e 2018, de forma organizada e a troco de elevadas quantias financeiras, dedicaram-se à prática dos crimes de auxílio à imigração ilegal e falsificação ou contrafação de documentos.
Tal atividade criminosa - acrescenta o SEF - visava a atribuição de documentos nacionais (cartão de cidadão e passaporte português eletrónico) a cidadãos de nacionalidade brasileira, mediante a falsificação de documentos autênticos (certidões de nascimento e carteiras de identidade) para atestar que eram descendentes de cidadãos portugueses.
A investigação do SEF, denominada "Não estás à venda", teve início em 2016, sob coordenação do Departamento Central de Investigação e Ação penal (DCIAP), e culminou em abril de 2018, numa operação policial que decorreu em vários pontos do país para cumprimento de sete mandados de detenção e 17 mandados de busca, entre eles, a dois escritórios de advogado e a uma Conservatória do Registo Civil.
"Pelo menos desde agosto de 2015 e até abril de 2018, os arguidos organizaram-se com o objetivo de obter benefícios financeiros com a tramitação e instrução de pedidos de atribuição de nacionalidade portuguesa a cidadãos de origem brasileira, recorrendo para isso, à fabricação dos documentos exigidos pela lei. As somas monetárias que eram cobradas aos interessados na nacionalidade portuguesa, variava entre os 8 e os 10 mil euros", relata o SEF.
Assim, adianta o SEF, junto de diversas conservatórias do registo civil, os agora arguidos diligenciavam pela atribuição fraudulenta da nacionalidade portuguesa a cidadãos brasileiros não residentes em território nacional, através da falsificação de documentos oficiais brasileiros, que lhes permitia comprovar que, pessoas nascidas no estrangeiro, estavam em condições de lhes ser atribuída a nacionalidade portuguesa originária, por alegadamente, serem filhos de pai ou mãe portuguesa.
Posteriormente, os cidadãos brasileiros, já com a nacionalidade portuguesa atribuída, solicitavam a emissão de documentos de identificação portugueses, designadamente o cartão de cidadão e o passaporte que lhes permitiriam a livre circulação, não só no espaço Schengen, mas também em 172 países, com dispensa de visto.
A investigação efetuada pelo SEF teve âmbito transnacional e contou com a colaboração das agências EUROPOL e INTERPOL, permitindo identificar ligações a outros países, nomeadamente Brasil, França, Itália, Reino Unido, Irlanda, Estados Unidos e Canadá.
Simultaneamente, novas linhas de investigação foram abertas, como é o caso da investigação em curso no SEF sob a coordenação do DCIAP, denominada "Alma Lusa", que teve início em 2018, e que levou já à detenção de dois dos principais suspeitos, que aguardam julgamento em prisão preventiva. Este caso tem ligações ao Brasil, Reino Unido, Luxemburgo, França, Itália, Espanha, Alemanha, Áustria, Grécia; Hungria, Irlanda, Canadá, Chile e Estados Unidos.
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