Direção de informação da TVI "não recebe lições de ninguém"

ERC anunciou esta segunda-feira a abertura de um procedimento de averiguações a uma reportagem sobre o incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande.

19 de junho de 2017 às 23:33
Judite de Sousa, apresentador da RTP, Código Deontológico, Hélder Reis, Pedrógão, TVI, SIC Notícias, Luís Filipe Borges, Daniel Oliveira, Jornalistas Portugueses, media Foto: Direitos Reservados
Judite Sousa, jornalista, polémica, TVI, direto, Pedrógão Grande Foto: Direitos Reservados

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A direção de informação da TVI garantiu esta segunda-feira que "não recebe lições de ninguém sobre sensibilidades profissionais", reagindo assim à abertura de um processo de averiguações por parte do regulador da Comunicação Social a uma reportagem daquela estação.

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Num comunicado divulgado esta segunda-feira, a direção de informação da TVI considera "perfeitamente normal e inquestionável" a abertura de um processo de averiguações sobre a cobertura jornalística dos acontecimentos em Pedrógão Grande, no entanto questiona por que é que essas averiguações incidem apenas numa reportagem emitida no domingo no Jornal das 8, esclarecendo que "o Jornal Nacional da TVI acabou em 2009". "Isso é algo que já não se entende e carece de uma explicação por parte do regulador", defende.

"Porquê a TVI? Porquê só a TVI? E o que de especial havia nessa reportagem que motiva a ERC justificar-se com uma sintonia 'com a sociedade portuguesa' que nunca ninguém viu? Ou de ensaiar julgamentos morais com critérios que não são explicados, mas que, no entender dos conselheiros, serão suficientes para calibrar o que os próprios consideram ser 'uma sensibilidade profissional a toda a prova'", questiona a direção de informação, garantindo que "não recebe lições de ninguém sobre sensibilidades profissionais", "nem do regulador, que se deve limitar ao cumprimento do seu dever e da missão que lhe foi fixada pelas leis da República".

A direção de informação alega que "há órgãos de comunicação social que decidiram revelar as fotos de crianças que morreram nos incêndios" e que "outras televisões abriram os seus principais serviços noticiosos mostrando corpos espalhados no chão", mas que "não têm sido essas as opções editoriais" da TVI.

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Os responsáveis pela informação do canal garantem que a TVI "tem procurado respeitar a dor de quem sofre, sem a esconder".

Apesar de a ERC não referir qual a reportagem em causa, em relação à qual recebeu "mais de 100 participações que contestam o plano televisivo em que aparece um dos cadáveres da tragédia", a direção de informação admite que deverá tratar-se de "uma reportagem 'live on tape' que a jornalista diretora-adjunta da estação [Judite de Sousa] realizou em aldeias onde bombeiros ou equipas de resgate tinham sequer ainda chegado".

Num dos locais onde a jornalista realizou a reportagem "estava efetivamente um cadáver, estendido há muitas horas e tapado com um lençol branco -- a pior das metáforas da incapacidade da assistência civil atender todas as populações que foram implacavelmente atacadas pelas chamas". Para a direção de informação da TVI, "esta circunstância confere um evidente relevo informativo, que não compete ao regulador definir".

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