Dois suicídios na PSP abrem guerra com Direção Nacional
Número 2 da PSP apelidou de "criminosos" polícias que divulgaram mortes de agentes nas redes sociais.
"Dois dias, dois suicídios. A consciência não vos pesa?". Esta mensagem, divulgada nas redes sociais pelo Movimento Zero, uma associação inorgânica de elementos policiais, abriu uma guerra interna na PSP, que terminou com o Diretor Nacional Adjunto, superintendente Pedro Gouveia, a responder na mesma rede social. "E a vossa consciência não vos pesa? Não sabem que estas publicações e postagens são formas de estimular o efeito mimético destas ações? Tenham vergonha criminosos!", escreveu o número 2 da PSP.
A afirmação exaltou muitos polícias, que criticam a postura da Direção Nacional face ao problema. "Só veem dar mais força à evidência de que o sistema está podre desde o topo. Em vez de reconhecerem as falhas, preferem atacar que as denuncia", acusa o Movimento Zero. Em causa está a morte de dois agentes, um na esquadra de Corroios, Seixal, na quarta-feira de manhã, dia do 158.º aniversário da PSP, o outro, na quinta-feira, no quartel da Bela Vista, no Porto. Ambos tinham sido diagnosticados com problemas psicológicos, mas segundo o Movimento Zero sem nenhum acompanhamento.
O primeiro estaria desarmado nos períodos de folga, mas em serviço tinha acesso à arma e foi no horário de trabalho que se suicidou. O segundo também estava impedido de aceder em permanência a armas, mas estava colocado no armeiro da Unidade Especial de Polícia.
Só este ano já se suicidaram cinco elementos da PSP. Entre 2010 e 2024 foram 107 os suicídios nas forças de segurança: 57 na PSP; 50 na GNR.
A Direção Nacional não quis comentar a polémica.
Já André Ventura, em declarações no canal NOW, garantiu que ia chamar o diretor nacional adjunto da PSP ao Parlamento. "Há pouco soube que o diretor nacional adjunto da PSP enviou mensagens a vários polícias a propósito do suicídio de vários colegas, chamando-lhes de criminosos e de falta de vergonha por andarem a divulgar o suicídio de polícias. Este tipo de gente, e quero dizer gente cara a cara na televisão, é este tipo de gente que envergonha a polícia e que envergonha as pessoas. Se os polícias se suicidam hoje é porque não têm meios e autoridade. Nós precisamos de chefes da polícia que não sejam meninos de coro do Governo, precisamos de chefes da polícia que defendam a polícia", apontou.
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