Dor e revolta no último adeus a militar morto
Centenas de pessoas assistiram com pesar ao funeral de Dylan da Silva.
Laurinda Araújo era ontem o rosto da dor. Nos olhos as lágrimas há muito tinham secado, mas os gritos de dor teimavam em soltar-se, quando à saída da igreja da Lapa, em Ponte de Lima, se despedia do seu único filho, antes da partida para o cemitério. Sempre amparada pelo marido, Vítor Silva, a mãe do militar de 20 anos morto durante um exercício dos Comandos, nunca largou a urna onde estava o corpo do filho.
Dylan da Silva foi a enterrar, ontem à tarde, em Ponte de Lima. O pai não aguentou a emoção e desmaiou à entrada do cemitério. As cerimónias fúnebres juntaram largas centenas de pessoas chocadas com a morte do militar.
"Esta família está de rastos. Há uma semana que os estou a apoiar e não os vou largar. Agora vamos exigir saber o que se passou naquele exercício, queremos saber como mataram este jovem, porque não há outra forma de o dizer: eles mataram este jovem". António Matos, amigo da família, não esconde a dor e a revolta.
À chegada ao cemitério, o pai do jovem militar não aguentou a emoção e desmaiou. Foi carregado em braços por amigos e familiares, mas assim que recuperou os sentidos exigiu voltar para junto da mulher. Abraçados e em lágrimas, o casal despediu-se do único filho, enterrado ao som de disparos de tiros, numa honra militar, e o grito de guerra dos muitos Comandos, muitos já na reserva, e várias salvas de palmas.
"Ele é um herói, deu a vida pela pátria", disse ao CM José Gomes, da Associação de Comandos de Viana do Castelo. O comando acredita que pôr fim ao curso não é solução. "Lamento que haja forças políticas a querer acabar com os Comandos", atirou.
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