Dor e revolta no velório de soldado

PJ Militar continua a seguir a suspeita de erro médico na avaliação dos sintomas.

12 de setembro de 2016 às 01:45
Dylan Silva, Ponte de Lima, Alcochete, Hugo Abreu, Hospital Curry Cabral, Lisboa Foto: Direitos Reservados
Dylan Silva, Ponte de Lima, Alcochete, Hugo Abreu, Hospital Curry Cabral, Lisboa Foto: Facebook
Dylan Silva, Ponte de Lima, Alcochete, Hugo Abreu, Hospital Curry Cabral, Lisboa Foto: Facebook
Dylan Silva, Ponte de Lima, Alcochete, Hugo Abreu, Hospital Curry Cabral, Lisboa Foto: Facebook

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É preciso descobrir o assassino!" O apelo desesperado foi feito por Vítor Silva, ontem à tarde, ainda o corpo do filho Dylan não tinha chegado à igreja da Gemieira, em Ponte de Lima. O jovem militar de 20 anos foi um dos dois mortos no 127º curso de Comandos do Exército e vai hoje a enterrar - o outro, Hugo Abreu, foi sepultado quarta-feira na Madeira.

As palavras do pai refletiam o sentimento geral de familiares e amigos no velório do militar que morreu sábado no Hospital Curry Cabral, Lisboa, onde esteve à espera de transplante de fígado. Na Gemieira, onde vivia desde os três anos, a morte de Dylan gerou revolta. "Tem de se apurar a realidade, punir quem foi culpado, fazer Justiça!", disse ao CM Ana Paula Cerqueira, melhor amiga da mãe de Dylan. À porta da capela, dezenas de familiares e amigos choraram a morte prematura. "Perdi o meu melhor amigo, o meu companheiro desde o jardim de infância", disse ao CM Filipe Ereiras, 19 anos. Era a Filipe que Dylan contava as experiências no Exército. "Dizia que eles eram violentos com todos, mas nunca imaginei que pudessem chegar a este ponto. Todos os limites foram ultrapassados", contou.

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Tal como o CM noticiou, o oficial médico que assistia aos treinos em que as vítimas tombaram com um golpe de calor está a ser investigado pela PJ Militar, que suspeita de erro clínico por desvalorização dos sintomas graves de Dylan e Hugo.

Para o tenente-coronel António Mota, presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas, os próximos cursos de Comandos não foram suspensos mas "condicionados pelos dois inquéritos" a decorrer. "Um para apurar o que se passou no dia 4 de setembro e outro para apurar o que realmente se passa no curso de Comandos." Por isso, a extinção dos Comandos não se coloca. Refere que as causas para a morte dos dois instruendos podem até nem estar no curso em si: "A investigação vai até à própria seleção dos militares".

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