"É o inferno na terra": Fogo não dá tréguas em Ponte da Barca
Incêndios rurais de grandes dimensões também em Arouca e Penamacor. Casas em risco e moradores retirados de aldeias.
A aldeia de Ermida, no concelho de Ponte da Barca, já em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, foi esta segunda-feira a imagem do regresso do inferno das chamas. A meio da tarde, a população foi aconselhada a abandonar as suas casas e a concentrar-se junto à igreja paroquial, com os militares da GNR a baterem a todas as portas, de maneira a que ninguém ficasse para trás.
Ao início da noite, nenhuma casa tinha ardido, mas nem os bombeiros nem a população conheceram um minuto de descanso. O incêndio, que começou no sábado à noite em Parada do Lindoso, galgou as encostas a uma velocidade inaudita e as projeções, devido ao vento, causaram dezenas de ignições, aumentando a dificuldade de combate.
Chegaram a estar no terreno, neste grande incêndio de Ponte da Barca, 400 bombeiros, apoiados por 140 viaturas e uma dezena de meios aéreos, força, humana e material, insuficiente para conter a violência das chamas.
O presidente da Câmara de Ponte da Barca, Augusto Marinho, disse tratar-se do “inferno na terra”, temendo pela noite, altura em que, apesar da baixa da temperatura, não podem operar os meios aéreos.
A população foi ajudando como podia, usando baldes e alfaias agrícolas. Já os bombeiros, apesar de todos os esforços, não conseguiam aceder às frentes de fogo, devido à orografia do terreno, de acesso impossível.
Os populares lá iam chamando a atenção para o facto de se tratar de um novo caso de fogo posto, tal como há três anos, quando esta zona foi também afetada por um incêndio de comparável violência.
Um carro dos Bombeiros de Vila Nova de Tazem, que seguia numa coluna que se dirigia para este incêndio de Ponte da Barca, capotou na A3, perto de Ponte de Lima, causando ferimentos ligeiros em cinco bombeiros, que foram transportados ao hospital.
Esta segunda-feira foi o pior dia do ano em termos de fogos florestais. Chegaram a estar ativos quase duas dezenas de incêndios de grandes dimensões. Os maiores, para além do de Ponte da Barca, foram os que eclodiram em Arouca, junto aos passadiços do Paiva e que chegou a ser combatido por duas centenas de bombeiros e sete meios aéreos, e o de Penamacor.
Esta zona dos passadiços do Paiva também tem sido martirizada, nos últimos anos, pelo flagelo dos fogos florestais. Mas, neste incêndio, houve também casas em risco, situação que centrou a atenção dos bombeiros.
Também em Penamacor o combate às chamas foi intenso. Por volta das 16h00 deflagrou um incêndio na freguesia de Aranhas que, em poucos minutos, ameaçou a aldeia de João Pires. Ao início da noite este fogo era combatido por quase três centenas de bombeiros, depois de lá terem operado doze meios aéreos.
Prevê-se para os próximos dias um aumento da temperatura, pelo que o perigo de incêndios será ainda mais elevado.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt