“Estão a matar a vida a estes pescadores”
Presença regular de toxinas têm impedido a apanha de bivalves e deixam barcos em terra.
Há mais de três meses que as embarcações da pesca da ganchorra da Fuseta, no concelho de Olhão, estão em terra devido ao defeso e às constantes interdições - pela presença de toxinas - deixando estes pescadores sem qualquer outro tipo de rendimento.
"Há vários meses que não vou ao mar com o barco. Digam-me como é que eu consigo sobreviver? Estão a matar esta vida a estes pescadores", desabafa, ao CM, Joaquim Sousa, proprietário da embarcação ‘Aida Suzana’, uma das 10 da Fuseta dedicadas à pesca da ganchorra.
O reformado, de 79 anos, mas pescador "desde sempre", critica o excesso da proibição de apanha de bivalves - neste caso as conquilhas e amêijoa branca - que tem estado ativa com regularidade naquela zona devido à presença de toxinas reveladas em análises divulgadas pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
"Em abril devo ter ido uma semana ao mar. Depois entrámos no defeso, desde o início de maio até 15 de junho, e aí regressou novamente a interdição. Está a existir um excesso de zelo muito grande", lamenta ainda Joaquim Sousa, revelando que tem uma reforma de 350 euros para ele e a mulher, de 76 anos, porque foi colocado no "escalão mínimo depois de uma vida no mar".
PORMENORES
Interdições na costa
Atualmente existe proibição de apanhar de conquilhas, amêijoas brancas e pé de burrinho em toda a costa entre Quarteira, em Loulé, e a zona de Santa Luzia, em Tavira. A partir daqui e até Vila Real de Santo António apenas foi levantada a interdição à espécie pé de burrinho.
Embarcação sem força
Joaquim José revela que a sua embarcação, tal como as outras nove da Fuseta, não podem ir apanhar esta espécie a Tavira porque não estão apetrechadas para tal. "É preciso barcos com mais força porque essa espécie está numa zona mais funda".
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