Governo abre guerra com Sapadores Bombeiros por 8,5 milhões de euros/ano
Centenas de sapadores avançaram sobre sede do Governo com tochas na mão.
A guerra entre Sapadores Bombeiros e o Governo está ao rubro, mas sem fim à vista. Pela terceira vez desde 2 de outubro, centenas de operacionais fardados vindos de todo o País para uma manifestação romperam o cordão policial e avançaram sobre a sede do Governo, em Lisboa, de tochas na mão e petardos pelos ares, enquanto no edifício decorriam negociações entre o Ministério da Coesão e os sindicatos. Mas perante o avanço de centenas de manifestantes fardados, que romperam um cordão da PSP, o Governo suspendeu todas as negociações em curso.
Em causa está a exigência de um aumento mínimo de 200 euros. “Entendemos que nunca poderá ser inferior porque os bombeiros já tinham um ordenado que, retirando os suplementos incluídos no mesmo, é inferior ao ordenado mínimo nacional. Além de ser ilegal, é imoral e não podemos aceitar”, explica António Pascoal, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa. Um sapador em início de carreira ganha 1075 euros/mês, antes de descontos e impostos. No topo da carreira este valor é de 1548 euros, de acordo com a tabela da Direção-Geral da Administração e Emprego Público.
Na prática, esta é uma luta que custaria ao Estado cerca de 8,5 milhões de euros por ano, considerando um aumento de 200 euros por mês a cada um dos 3042 sapadores existentes e pago 14 vezes por ano. “Desde 2 de outubro que o Governo disse que ia fazer tudo para valorizar a carreira, congelada desde 2002”, afirma o bombeiro Ricardo Ribeiro, mas as propostas do Governo “têm sido ofensivas”: “Baixar o ordenado bruto de ingresso” e “um subsídio de risco mensal de 37,5 euros”. Certo é que o Governo parou as negociações “por não aceitar negociar perante formas não ordeiras de manifestação”, algo que os sindicatos dizem ser um “pretexto” face à recusa demonstrada perante as propostas apresentadas.
E TAMBÉM
"MALABARISMO"
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, o Governo está a “usar um malabarismo que é tira de um lado e mete noutro”, não havendo um real aumento. “O possível aumento era só em 2027 e o subsídio de isenção no valor de 100 euros iria obrigar a mais 31 horas mensais para lá das 35 horas semanais.”
‘MANIF’ ILEGAL
A PSP de Lisboa, que só soube do protesto pelas “redes sociais”, vai avançar com uma participação ao Ministério Público por “manifestação não legalmente comunicada, com identificação dos vários organizadores e participantes”.
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