Guardas prisionais arguidos na megaoperação nas cadeias vão ser suspensos e alvo de processo
Até ao momento, foram detidas treze pessoas, duas delas guardas prisionais por suspeitas de introduzirem droga nas prisões.
Os guardas prisionais que sejam constituídos arguidos no âmbito da operação policial desta quarta-feira em várias prisões, por suspeitas de facilitarem a entrada de droga, vão ser suspensos de funções e alvo de processos disciplinares, anunciou o Governo.
Em declarações aos jornalistas em Évora, a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, elogiou a operação levada a cabo pela Polícia Judiciária (PJ) em diversos estabelecimentos prisionais do país, considerando que foi "uma intervenção muito importante".
"Se a droga é um flagelo, nas prisões é inaceitável. Estamos mesmo comprometidos e muito satisfeitos de ver a ação da PJ", afirmou, após a inauguração da ampliação do edifício da Unidade Local de Investigação Criminal (ULIC) de Évora desta polícia.
A governante revelou ter a garantia da parte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) de que "todos os visados que sejam constituídos arguidos serão imediatamente suspensos e objeto de um processo disciplinar".
"A droga nas cadeias é um tema que tem estado em cima da mesa e todos os dias lutamos contra essa realidade", assumiu.
Rita Alarcão Júdice disse que não confunde os guardas prisionais visados na operação com o Corpo da Guarda Prisional, mas admitiu que, a existirem elementos entre os suspeitos, "não é algo que deixe a ministra da Justiça orgulhosa".
Questionada pelos jornalistas se considera uma mudança no Código de Execução de Penas, a ministra recusou avançar com alterações "em função de acontecimentos esporádicos em determinadas situações".
"Uma mudança no Código de Execução de Penas tem de ser ponderada e pensada e estamos a fazer essa reflexão, estamos a trabalhar nessa mudança e, quando for o tempo, direi os concretos", acrescentou.
Também em declarações aos jornalistas, o diretor nacional da PJ, Luís Neves, considerou "intolerável que quem está a cumprir pena tenha acesso a produtos estupefacientes e a anabolizantes", pois "põe em causa a segurança e a estrutura própria de cada estabelecimento prisional".
"Não é possível haver produtos estupefacientes dentro dos estabelecimentos prisionais", reiterou, adiantando que, nesta investigação, estão em causa "crimes de corrupção, ativa e passiva e tráfico de estupefacientes e de produto anabolizante".
Segundo o responsável, durante a operação policial, foram detidos "muitos intervenientes que não são guardas prisionais" e que são suspeitos de, com as suas práticas, introduzirem "produtos ilícitos no meio prisional".
"As suspeitas existem, os factos ocorrem, há produto apreendido e, por isso, a nossa missão neste dia está duplamente cumprida", congratulou-se.
Treze pessoas, duas delas guardas prisionais, foram detidas esta quarta-feira na operação Mercado Negro - que visou estabelecimentos prisionais de Lisboa, Alcoentre, Carregueira, Sintra e Funchal (Madeira) - por suspeitas de introduzirem droga nas prisões.
No âmbito da mesma operação, a PJ desmantelou um laboratório clandestino de produção de drogas que funcionava num apartamento em Lisboa.
Quanto à ampliação do edifício da ULIC de Évora da PJ, a ministra realçou que as obras permitem dar melhores condições às vítimas e a quem ali trabalha, destacando o novo laboratório, que vai "permitir maior celeridade e segurança na prova obtida".
"O país não é Lisboa e não é o litoral. Os alentejanos, sobretudo, as vítimas daqui, merecem ter uma polícia próxima, uma resposta eficaz", prosseguiu o diretor nacional da PJ, assumindo que a ULIC de Évora "pode, a médio prazo, passar a ser um Departamento de Investigação Criminal".
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