Homem próximo de Sissoco Embaló detido em Lisboa foi libertado sem ir a tribunal
Bagagem do arguido tinha cerca de cinco milhões de euros em numerário.
O homem próximo do ex-presidente da Guiné-Bissau Sissoco Embaló detido no domingo em Lisboa por suspeita de contrabando e branqueamento foi libertado sem ir a tribunal, indicou, esta segunda-feira, à Lusa fonte da Polícia Judiciária (PJ).
No domingo, a PJ tinha informado que o cidadão estrangeiro, que não identificou, iria ser interrogado por um juiz para aplicação de medidas de coação, o que acabou por não acontecer, uma vez que crime principal de que aquele é suspeito (contrabando) é punível com uma pena máxima inferior a cinco anos de prisão.
O arguido, cuja proximidade a Sissoco Embaló foi confirmada à Lusa por fonte ligada à investigação, foi detido no domingo pela PJ no Aeroporto Militar de Figo Maduro, em Lisboa, e na sua bagagem tinha cerca de cinco milhões de euros em numerário, cuja origem será agora investigada pelas autoridades.
No avião, proveniente da Guiné-Bissau, seguia ainda a mulher de Sissoco Embaló, que não foi detida, confirmou à Lusa fonte ligada à investigação.
Segundo uma nota da PJ, "o voo estava inicialmente classificado como sendo militar e, depois de Lisboa, seguiria para [o aeroporto de] Beja", no sul de Portugal, tendo-se posteriormente verificado que a sua natureza e o seu destino final "eram distintos" dos que tinham sido indicados às autoridades aeronáuticas.
A ação policial, em conjunto com a Autoridade Tributária, aconteceu na sequência de uma denúncia anónima e o dinheiro descoberto foi apreendido.
Um autodenominado "alto comando militar" tomou o poder na Guiné-Bissau em 26 de novembro, três dias depois das eleições gerais (presidenciais e legislativas) do país africano e um dia antes da data anunciada para a divulgação dos resultados.
A oposição e figuras internacionais têm afirmado que o golpe de Estado foi uma encenação orquestrada por Sissoco Embaló por alegadamente ter sido derrotado nas urnas, impedindo assim a divulgação de resultados e mandando prender de forma arbitrária diversas figuras que apoiavam o candidato que reclama vitória, Fernando Dias.
Entre os detidos, está Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), enquanto Fernando Dias está refugiado na embaixada da Nigéria em Bissau.
Depois de destituído, Sissoco Embaló saiu de Bissau, em 28 de novembro, para Dacar, no Senegal, e dias depois, deixou este país e foi para Brazaville, no Congo.
Em 04 de dezembro, circulava nas redes sociais a informação de que viajara, na véspera, para Marrocos.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt