Inspector acusado de roubar serventia

O inquérito foi aberto na sequência de uma queixa apresentada pela proprietária do terreno contíguo, que se diz prejudicada com a construção do muro que delimita a propriedade do inspector.

Dina Serrano acusa o vizinho de ter construído um muro na “serventia pública”, impedindo a entrada de carros na sua propriedade. “Deixou a minha casa sem valor, porque agora só conseguimos cá entrar a pé”, explica.

O inspector refuta todas as acusações e alega que a serventia em causa “é particular” e “o único espaço de uso comum é o que está alcatroado”. Adianta que comprou uma parcela de terreno à Junta de Freguesia para “fazer o alinhamento” do terreno.

O muro foi construído no início do Verão e desde então Dina Serrano pediu ajuda à Junta de Freguesia de Fátima, que lhe deu razão. Queixou-se ao Tribunal de Ourém e aguarda o andar do processo.

Manuel Graça, que na altura era presidente da Junta de Freguesia de Fátima, considera que a mulher “tem toda a razão” pois o vizinho “açambarcou uma parte da serventia que dá acesso à casa dela”. O autarca defende que “o alinhamento do terreno não foi respeitado” e que a parcela comprada a um anterior executivo não abrange toda a área delimitada pelo muro.

O caso chegou também ao conhecimento do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Leiria, que fez várias diligências para apurar os factos e remeteu as conclusões ao Ministério Público de Ourém.

Na sequência de um telefonema de Dina Serrano lançando dúvidas sobre a conduta do inspector e apontando suspeitas de corrupção e tráfico de influências, uma equipa de investigadores foi nomeada para ouvir a queixosa e técnicos da Câmara de Ourém sobre o decorrer do processo de licenciamento da construção.