Jihadista usa disfarce como guia turístico
Abdessalam radicalizou dois jovens em Portugal que partiram para a Síria.
Abdessalam Tazi, 63 anos, suspeito de terrorismo ligado ao Daesh, e que foi detetado em centros de refugiados no nosso país a tentar recrutar membros para a causa, fê-lo com sucesso em pelo menos duas situações, apurou o CM – tendo conseguido radicalizar dois jovens, que depois de terem conhecido o marroquino saíram do nosso país em direção aos campos de treino na Síria.
São situações acompanhadas de perto pela Unidade de Contraterrorismo da PJ, em relação à passagem por Portugal de Abdessalam – agora extraditado da Alemanha e preso em Monsanto, Lisboa – e de Hicham el-Hanafi, entre 2013 e 2016. Este último, recorde-se, está preso em França, onde foi apanhado a planear um atentado terrorista.
Passaram pelos centros de refugiados da Bobadela, em Loures, e de Aveiro, cidade em que o CM confirmou que Abdessalam se apresentou como guia turístico – era o disfarce. "Vinha com a documentação legal de permanência em Portugal e apresentou-se como guia turístico", disse Fernando Marques, presidente da União de Freguesias da Glória e Vera Cruz.
Os marroquinos estiveram na Fundação CESDA - Centro Social do Distrito de Aveiro até junho de 2014. "Eram muito fechados, mas nunca causaram problemas. Tinham os seus hábitos diários de alimentação e usavam os cantos para fazerem as suas orações", diz Eduardo Conde, diretor do CESDA.
Em agosto de 2014, foram viver para a travessa Mário Sacramento, em Aveiro, onde ficaram até ao verão de 2016. "Nunca falei com eles. Eram discretos", disse Emília Carvalho, comerciante. Abdessalam, apanhado na Alemanha e entregue à PJ, quinta-feira, recolheu à prisão de alta segurança de Monsanto por ordem do juiz Carlos Alexandre. Está isolado dos restantes reclusos para evitar tentativas de recrutamento para o extremismo islâmico.
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