“Mãe, já levo um olho todo negro”, disse Dylan da Silva antes de morrer

Pais de Dylan da Silva emocionaram-se em tribunal.

19 de outubro de 2018 às 09:04
Dylan Silva, Ponte de Lima, Alcochete, Hugo Abreu, Hospital Curry Cabral, Lisboa Foto: Direitos Reservados
Dylan da Silva era de Ponte de Lima Foto: Direitos Reservados
Lucinda Araújo, mãe de Dylan, emocionou-se em tribunal ao recordar o filho e a altura em que o recruta morreu, em 2016 Foto: CMTV
Comandos, mortes, militares, sargentos, oficiais, abuso, autoridade, ofensa, integridade física, Hugo Abreu Foto: Direitos Reservados
Militares julgados por ofensas e abuso de autoridade Foto: CMTV
Comandos Foto: Pedro Catarino

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Dois anos depois da morte do filho, Lucinda Araújo ainda não consegue conter as lágrimas. Esta quinta-feira de manhã, no Campus de Justiça, em Lisboa, a mãe de Dylan disse ao coletivo de juízes que o filho tinha o sonho de pertencer aos Comandos.

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"Ele não me fazia queixas, mas uma vez apareceu em casa com um olho negro. Noutra com uma entorse no pé. O pai teve de o levar ao hospital. No Exército só lhe deram umas muletas", lamentou Lucinda.

A ouvir, no banco dos réus, estavam os 19 militares acusados de vários crimes de ofensas à integridade física agravadas e abuso de autoridade.

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"Ele até me avisou por mensagem: ‘Mãe, já levo um olho todo negro’. O meu filho poupava-me a muito", continuou Lucinda, especificando que em setembro de 2016, ao visitar o filho no hospital, os médicos deram-lhe poucas esperanças. "O meu filho tinha os braços todos negros, as pernas com arranhões e estava inchado".

O pai, Vítor, desabafou que os médicos do Hospital Curry Cabral disseram que nunca tinham visto nada assim.

Recorde-se que Hugo Abreu e Dylan da Silva eram recrutas e morreram durante a Prova Zero do 127º Curso dos Comandos, no campo de tiro de Alcochete.

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Ontem foi ouvido também um dos recrutas que desistiu do curso. O relato foi impressionante. "Estava muito calor, só bebíamos água quando nos deixavam. Vi o Hugo Abreu a cuspir saliva e o primeiro sargento Rodrigues em cima dele. Ele tinha terra à volta da boca. Sempre que pedíamos água éramos atirados às silvas, a rastejar".

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