MAI acusa Proteção Civil de falhas na tragédia de Pedrógão Grande

Ajuda para evitar mortes terá sido pedida demasiado tarde. Garante que SIRESP funcionou como devia.

28 de junho de 2017 às 10:35
Reforço de meios de socorro na tragédia de Pedrógão levantou problemas noutros pontos do País Foto: Carlos Barroso
Reforço de meios de socorro na tragédia de Pedrógão levantou problemas noutros pontos do País Foto: Carlos Barroso
Reforço de meios de socorro na tragédia de Pedrógão levantou problemas noutros pontos do País Foto: Carlos Barroso
Bombeiros combatem as chamas em Pedrógão Grande Foto: Direitos Reservados
Bombeiros combatem as chamas em Pedrógão Grande Foto: Direitos Reservados
Bombeiros combatem as chamas em Pedrógão Grande Foto: Direitos Reservados
Bombeiros combatem as chamas em Pedrógão Grande Foto: Direitos Reservados
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Pedrogão Grande, incêndio, fogo, mortes, corpos, feridos, tragédia Foto: Vítor Mota
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Após pelo menos quatro relatórios para apurar o que correu mal na resposta dos serviços de emergência durante a tragédia de Pedrógão Grande, a Secretaria-Geral da Administração Interna revela  que o pedido de ajuda da Proteção Civil para recuperação do sistema de comunicações de emergência SIRESP foi feito demasiado tarde, o que poderia ter evitado as 64 mortes no fogo, escreve o Jornal I.

Pelo menos cinco antenas da rede SIRESP falharam, como explica a edição impressa do CM desta quarta-feira, entre a tarde de sábado e a madrugada de domingo. Outras ficaram saturadas devido ao elevado volume de comunicações e que algumas arderam no fogo. Ainda foram feitos pedidos de carros móveis com antenas, para que a comunicação pudesse ser restabelecida em pleno entre as autoridades. O primeiro pedido partiu do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, pelas 21h15, ao qual se seguiu (15 minutos depois) o mesmo pedido da Proteção Civil.

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Nessa altura já havia registo de falhas de comunicação e já havia antenas da rede SIRESP que tinham ardido. Também já pelo menos 49 pessoas tinham morrido, segundo a cronologia apresentada no relatório da Secretaria-Geral da Administração Interna, que acusa a Proteção Civil de ter pedido a estação móvel demasiado tarde, uma vez que o carro-antena já nunca conseguiria chegar a Pedrógão Grande, e ainda de não "requisitado mais médios".

O documento explica ainda que o centro de operação e gestão da Secretaria-Geral do MAI, que gere o SIRESP, não registou queixas de problemas de comunicação entre quaisquer entidades que estavam presentes na tragédia.

Ainda, os dois carros de apoio não estavam operacionais para se deslocarem a Pedrógão: um estava avariado desde a visita do papa a Fátima e o outro estava numa oficina em Lisboa para que fosse à revisão. Foi este último que acabou por chegara  Pedrógão Grande no domingo e que restabeleceu as comunicações do SIRESP no local.

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A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa já assinou um despacho para que a Inspeção-Geral da Administração Interna faça uma auditoria para apurar se a Secretaria-Geral do MAI cumpriu as "obrigações legal e contratualmente estabelecidas" quanto às comunicações do SIRESP.

Costa assinou contrato com o SIRESP, apesar do o Tribunal de Contas alertar que o Estado podia ser prejudicado

Foi em 2006 que o então ministro da Administração Interna, António Costa, renegociou o contrato com o SIRESP, depois do negócio ter luz verde do Tribunal de Contas, que ainda assim alertou que o Estado poderia sair prejudicado, uma vez que não tinha havido concurso público, não tinham sido apresentadas propostas alternativas e o caderno de encargos tinha sido alvo de mexidas.

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A adjudicação do contrato foi feita em maio de 2006, tendo a assinatura do mesmo acontecido um mês depois. O contrato inicial tinha sido celebrado pelo anterior Governo, de Santana Lopes, tendo o atual primeiro-ministro anulado o negócio, após parecer da PGR que admitiu que tinha sido feito surante um Governo "de gestão".

Costa conseguiu que o valor do contrato baixasse 52 milhões, para  483 milhões de euros, escreve a imprensa portuguesa. Ainda assim, o contrato prevê que o sistema possa falhar várias vezes e durante vários dias sem que o SIRESP seja sujeito a qualquer penalização.

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