MILITÃO ORGANIZAVA REDE DE PROSTITUTAS
O português Luís Militão, de 32 anos, a cumprir pena pelo assassínio de seis empresários em Fortaleza, em Agosto de 2001, é apontado num inquérito oficial, a que a Lusa teve acesso, como responsável por uma rede de prostituição – que envolvia menores – a funcionar, à altura dos acontecimentos, naquela cidade do Estado do Ceará. Militão pode vir a ser acusado e julgado por lenocínio.
A informação foi confirmada ao CM por fonte do Ministério da Justiça brasileiro, adiantando que a investigação ao emigrante português teve início após os crimes de Agosto de 2001, seguindo suspeitas de que Militão seria angariador de prostitutas.
Nas diligências, das polícias federal e civil, surgiram indícios de que liderava uma rede de agenciamento de prostitutas destinadas preferencialmente a turistas portugueses como ‘meninas de programa’.
Neste momento, existem ainda investigações em curso que, segundo afiançou ao nosso jornal a delegada Rena Moura, da Delegacia de Combate a Exploração da Criança e do Adolescente de Fortaleza, “visam esclarecer todos os detalhes do caso”.
Os indícios surgidos em 2001 levaram uma vereadora da Câmara Municipal de Fortaleza, órgão equivalente às assembleias municipais – Luizianne Lins, do Partido dos Trabalhadores, agora deputada estadual – a pedir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o turismo sexual naquela cidade, noticiado ainda pelo jornal ‘O Povo’, que mostrou um folheto para turistas em se dizia que ‘nenhuma mulher em Fortaleza custa mais que 25 dólares’.
Luís Militão Guerreiro é, segundo a Lusa, expressamente citado no relatório do CPI. São denunciados ainda oito cidadãos italianos e três brasileiros como angariadores de redes de prostituição de menores.
Segundo a fonte do ministério, espera-se que, estando o poder judiciário estadual na posse dos elementos, “se cruze as indicações da CPI com as da Polícia, para se avançar com uma investigação concreta”. As diligências podem culminar em acusação formal. Militão seria então julgado por lenocínio.
Segundo a CPI, as vítimas deixaram clara a “relação entre práticas delituosas como lavagem de dinheiro, mercado de estupefacientes e exploração sexual comercial”.
Uma adolescente contou que se prostituía sete vezes por noite por 40 reais (10 euros), com italianos, austríacos e portugueses. A jovem disse ter sido “convidada a sair do Brasil, principalmente por portugueses”, sob a alegação de que iria ganhar mais dinheiro em Portugal.
A maioria dos acusados está ligada a actividades turísticas, como era o caso de Luís Militão, proprietário do bar de praia ‘Vela Latina’, palco dos homicídios de 2001. A CPI implica ainda pessoal de “apoio” às redes, como taxistas, porteiros, gerentes e recepcionistas de hotéis, apartamentos, bares e restaurantes de praia.
Luís Miguel Militão Guerreiro encontra-se a cumprir 150 anos de prisão pela autoria moral do assassínio dos seis empresários portugueses, ocorrida em Agosto de 2001 em Fortaleza. Os empresários foram mortos, a mando do emigrante português, por três seguranças do bar ‘Vela Latina’ e enterrados no local, alguns ainda com vida. Luís Militão foi condenado, em Fevereiro de 2002, a um cúmulo jurídico de 150 anos de prisão, a cumprir no temido Instituto Penal Paulo Sarasate, em Fortaleza. A 29 de Julho de 2002 Militão tentou fugir da ala de segurança máxima da prisão, serrando as grades. Essa foi a terceira tentativa de evasão desde a sentença. Numa das ocasiões, a Polícia encontrou um passaporte falso a ser usado pelo português.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt