Morte de Odair Moniz: punhal aparece mais de 20 minutos após disparos da polícia

Mais de 20 minutos separam os tiros fatais sobre Odair Moniz, e o momento em que as imagens de vídeo amador e de vigilância permitem avistar o punhal que, alegadamente, terá motivado o agente da PSP Bruno Pinto a disparar. A notícia é avançada esta terça-feira pelo jornal Público, dia em que se assinala exatamente um ano após a morte de Odair Moniz, com base nas referidas imagens do processo.

De acordo com o jornal, a fita do tempo foi reconstituída pela Polícia Judiciária com base em imagens de videovigilância e em vídeos de um morador do bairro da Cova da Moura que registaram o sucedido. É possível constatar que o cozinheiro cabo-verdiano, de 43 anos, resistiu à detenção e se colocou em fuga, tendo sido alvo de pontapés e bastonadas por parte dos agentes da PSP.

Dois minutos depois do início da perseguição, às 05h31, têm lugar os dois tiros efetuados por Bruno Pinto. Só 27 minutos depois, às 05h58 — numa altura em que o também PSP Rui Machado mexe nos bolsos da vítima — surgem as primeiras imagens da faca que Odair Moniz alegadamente teria consigo, e que levaram o agente disparar. 

Importa referir que os vídeos a que a PJ teve acesso têm alguns cortes, mas ainda assim é possível averiguar que, às 05h54, 23 minutos depois dos disparos, não se vê nenhum punhal. Segue-se um intervalo de quatro minutos nas gravações, após os quais a imagem volta e é então possível avistar a arma branca.

Bruno Pinto alegou ter temido pela vida para justificar os disparos, mas contradições nas versões dos agentes presentes no local, assim como imagens captadas por moradores e que foram analisadas pelas autoridades, levantaram questões quanto à tese de autodefesa, e a possibilidade da faca ter sido plantada no corpo de Odair Moniz.

O julgamento para apurar a verdade, no qual Bruno Pinto responde por homicídio, arranca esta quarta-feira.