Namorada de Rangel escreveu 15 acórdãos no processo da Operação Lex
Advogada estagiária terá redigido várias decisões da Relação de Lisboa, a pedido do ex-juiz.
Não terá sido apenas a ex-mulher e também juíza Fátima Galante a redigir-lhe os acórdãos. O Ministério Público sustenta que também uma namorada do ex-juiz Rui Rangel, principal arguido do processo da Operação Lex, escreveu pelo menos 15 acórdãos que tinham sido distribuídos ao desembargador.
Bruna Garcia do Amaral não exercia funções no Tribunal da Relação nem tão pouco era juíza. A investigação concluiu que, pelo menos desde 2013, a então namorada de Rangel, advogada estagiária, escreveu várias decisões, a pedido do magistrado, que eram depois assinadas por ele, avança a TVI.
No processo, cujo despacho de acusação deverá ser conhecido em breve, constam várias mensagens e emails, trocados entre 2013 e 2014, que comprometem Rui Rangel. A 9 de dezembro de 2013, Rui Rangel terá recebido cinco acórdãos da namorada. Mas mesmo assim, voltou a pedir-lhe ajuda. “Boneca, depois envio as conclusões do arguido... Podes fazer? Não te esqueças de colocar a posição do Procurador-Geral a seguir ao Ministério Público”, cita a TVI. Rangel já negou este facto.
O CM tentou obter uma reação do juiz, mas sem sucesso.
O magistrado é suspeito de ter criado um esquema de subornos para viciar decisões no Tribunal da Relação de Lisboa. A investigação acredita que Rangel recebeu mais de um milhão de euros, entre 2005 e 2017, como pagamento para favorecer arguidos. Terá utilizado como testa de ferro o advogado e amigo José Santos Martins, também arguido neste caso, para esconder o dinheiro.
Saiba mais
Rui Rangel terá pedido a Vaz das Neves (antigo presidente da Relação de Lisboa) que falasse com uma juíza do Supremo Tribunal de Justiça, de modo a travar a investigação ao caso, avançou ontem a TVI.
Rui Rangel conseguiu influenciar os demais desembargadores para que o processo relativo a José Veiga fosse distribuído manualmente em 2012, e não através do habitual sorteio por via eletrónica.
2019
No final desse ano, Rui Rangel foi expulso da magistratura pelo Conselho Superior da Magistratura e a ex-mulher, a juíza Fátima Galante, foi sancionada com aposentação compulsiva.
Travar o casoRui Rangel terá pedido a Vaz das Neves (antigo presidente da Relação de Lisboa) que falasse com uma juíza do Supremo Tribunal de Justiça, de modo a travar a investigação ao caso, avançou ontem a TVI. Ajuda a Veiga
Fátima Galante ainda é no papel mulher de Rui Rangel, embora os dois estejam separados há vários anos. A magistrada assume agora um novo amor. Segundo apurou o CM, o novo companheiro da magistrada é músico e toca viola num hotel na zona de Alcântara, em Lisboa.
Aposentada compulsivamente pelo Conselho Superior da Magistratura, devido à Operação Lex, Galante, que também exercia funções no Tribunal da Relação, reformou-se com uma pensão mensal na ordem dos 3700 euros.
Rui Rangel é suspeito de recebimento indevido de vantagens, de branqueamento de capitais e fraude fiscal, no âmbito do processo Lex.O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, que é um dos arguidos, terá pedido que Rangel intercedesse por ele na resolução de um processo do seu filho em Sintra. Em troca, Vieira terá prometido ao juiz um cargo remunerado na Fundação do Benfica.
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