"O motorista entrou às quatro da manhã"
José Silva, ex-funcionário, denuncia infrações na Barraqueiro.
José Silva trabalhou 25 anos ao volante de autocarros, alguns também do grupo Barraqueiro, que recentemente viu dois dos seus pesados envolvidos em acidentes. Balanço: 7 mortos e 47 feridos. Em relação ao último, dia 19, na A2, junto a Almodôvar, José Silva revela: "O motorista entrou às 4 da manhã", tendo o acidente ocorrido às 18h30. A empresa desmente.
O grupo Barraqueiro diz ao CM que o motorista teve um descanso de 11 horas e 15 minutos entre a véspera do acidente e o início do trabalho no dia seguinte, pelas 07h30, quando saiu de Frielas rumo à Gare do Oriente. "Às 08h30, iniciou a viagem para Lagos, sendo prevista a chegada às 13h00. Das 13h00 às 16h10, gozou de um descanso de três horas. A previsão da chegada de volta à Gare do Oriente seria para as 20h45. Como tal, não se registou qualquer infração." O acidente aconteceu antes, pelas 18h30.
Mas José Silva diz ter informações de que Joaquim Matos começou a trabalhar de madrugada, transportando trabalhadores de uma empresa. Só a seguir fez o serviço para o qual estava escalado. "Muitos fazem excesso de horas. Só têm um serviço na escala, o resto é à parte. Os trabalhos mais pequenos são feitos em viaturas com tacógrafos analógicos, que os próprios preenchem. Há muita maneira de fugir ao controlo."
Para o ex-motorista, todas as empresas do género cometem infrações: "Não é seguro as pessoas meterem-se em autocarros com motoristas cansados; o cansaço é pior do que o álcool." E diz que é raro os passageiros usarem cinto de segurança. "Acreditam que não são obrigados."
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