Meco: famílias recorrem à Europa
Pais vão continuar a lutar até à última instância judicial.
As famílias dos jovens que morreram arrastados por uma onda na praia do Meco, a 15 de dezembro de 2013, não desistem e vão continuar a recorrer. Agora, para o Tribunal da Relação e como último recurso para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
"Os nossos filhos é que são os heróis." É desta forma que Fernanda Cristóvão, mãe de Catarina Soares, uma das vítimas, reage, desiludida, à decisão do juiz Nelson Escórcio, do Tribunal de Setúbal, em não levar o caso a julgamento.
Desta forma, João Miguel Gouveia, o sobrevivente, então dux (líder) da Universidade Lusófona, e único arguido, viu o caso ser arquivado.
Ao longo de quase toda a audiência, o juiz dirigiu-se aos pais das vítimas: "Procurem o mais difícil, o impossível até: a objetividade que o vosso coração quer e precisa afastar. Não olhem apenas. Vejam, e a seu tempo aceitem a realidade – que não é extraordinária, maléfica e conspiratória. Apenas profundamente dolorosa."
O magistrado disse que não ficou provado que "os jovens falecidos tenham sido incitados pelo arguido a beber bebidas alcoólicas e que fossem obrigados a fazer flexões". O álcool, acrescentou, "é uma coisa normal nas festas de estudantes".
Frisando que o arguido também é uma vítima, o juiz falou novamente para os pais: "O mar mata. Todos os anos. Todos os dias. Matou seis jovens. Se tivermos a coragem de reduzir a factualidade à sua efetiva dimensão talvez possamos aceitar a absurda fragilidade da vida."
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